CI

PIB e Desenvolvimento Social


Fernando Rizzolo

A notícia de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 5,4% em 2007 em relação ao ano anterior, divulgado nesta quarta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), denota um resultado surpreendente, atingindo o valor de R$ 2,6 trilhões. Para se ter uma idéia em 2006, a alta havia sido de 3,7%.

O conceito de PIB é ao mesmo tempo técnico e interpretativo, o primeiro fator que influencia diretamente a variação do PIB é o consumo da população. Quanto mais as pessoas gastam, mais o PIB cresce. Se o consumo é menor, o PIB cai.

O consumo depende dos salários e dos juros. Se as pessoas ganham mais e pagam menos juros nas prestações, o consumo é maior e o PIB cresce. Com salário baixo e juro alto, o gasto pessoal cai e o PIB também. Por isso os juros altos atrapalham o crescimento do país. Os gastos do governo são outro fator que impulsiona o PIB. Quando faz obras, como a construção de uma estrada, são contratados operários e é gasto material de construção, o que ele eleva a produção geral da economia, assim também acontece com as exportações.

O que temos que analisar antes de comemorar, são os rumos da política econômica imposta atualmente pelo Banco Central, priorizando ainda as altas taxas de juros num cenário de turbulência internacional, fazendo com que a estimativa seja de 4,5%, neste ano. A persistência numa política econômica voltada a financeirização da economia, envolta a um cenário de recessão dos EUA, nos surpreender com o grave problema das contas externas e da valorização do câmbio. Ao que parece, o governo pretende a manutenção das altas taxas de juros, beneficiando o capital especulador em detrimento a uma política de fortalecimento do mercado interno, haja vista, as previsões relacionadas ao PIB para este ano.

Para se ter uma idéia, o diferencial das taxas reais de juros entre Brasil e EUA, estão hoje por volta de 8,5% ao ano. Não resta a menor dúvida, que para conter o câmbio, temos sim que reduzir as taxas que estão na estratosfera beneficiando a especulação. As medidas paliativas que pretende o governo implementar, não vai ao cerne da questão, que em última instância é a taxa de juros praticada no País.

É fato que o desenvolvimento social está relacionado a um aumento do PIB, que por sua vez depende do mercado interno fortalecido; não há que se pensar nesse momento, que teremos o mesmo cenário mundial econômico que tivemos em 2007, beneficiados que fomos pelo alto preço das commodities e pela inclusão da população da China ao consumo destes produtos.

Isto posto, a instrumentalização das medidas que visam a contenção da valorização do real, passam forçosamente pelo Banco Central na sua disposição em beneficiar o capital especulativo, legitimando-o para tanto, velhos ícones como o medo inflacionário e outras vagas argumentações. Os números de 2007 não podem legitimar aos incautos a manutenção e a permanência da financeirização da nossa economia, mas uma coisa me parece claro, o claro desejo de manter essa política o maior tempo possível, visando os interesses daqueles que apenas vêem o Brasil com um grande Cassino.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.