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Os usos do bambu


Decio Luiz Gazzoni
Quando comecei a estudar o potencial da agroenergia no Brasil, redescobri o bambu (ou taquara). Descobri até que os maiores maciços do mundo estão no trecho entre o Peru a Bolívia, o Acre e o Sul do Amazonas. Por ser uma árvore de crescimento rápido, estes maciços poderiam ser objeto de manejo sustentável, para múltiplos aproveitamentos. As exportações de bambu, no mundo, ultrapassam US$ 2 bilhões anuais. Os maiores importadores são os EUA, UE e Japão. A China, maior exportador, gera negócios internos superiores a US$7 bilhões, a cada ano.

O bambu se presta muito bem para a geração de bioeletricidade, pela sua alta produção de biomassa por unidade de área e pelo rápido crescimento. Mas o principal uso do bambu não é para energia, e sim para produção de madeira. Ao contrário do que se imagina, o bambu é uma planta que produz madeira de qualidade e durabilidade. Os produtos de bambu são obtidos por laminação, colagem e prensagem das fibras com resinas especiais, gerando peças com alta densidade e muita flexibilidade, características das madeiras nobres. O mercado de pisos de bambu e de usos externos, sujeitos a condições severas, é o que mais cresce, devido à longa durabilidade dos materiais de bambu. Outros usos vem sendo acrescentados a todo o instante, conforme cresce a sua produção e comercialização pelo mundo, o que inclui também objetos de decoração, cestos, persianas, adornos étnicos, telas de pintura, etc.
O Brasil tem condições excepcionais de área, solo e clima adequado, que permite investir na produção de bambu e na criação de clusters de processamento, para colocação tanto no mercado interno quanto no exterior. Além de manejar de forma sustentável os maciços naturais, é possível explorá-lo como florestas cultivadas. O material colhido poderia abastecer tanto a indústria de laminação quanto a de produção de madeira maciça, e desdobrar-se em outros negócios a jusante, como pisos, madeiras para deck, ou artigos de decoração.

A pesquisa, tanto agronômica quanto de processamento, ainda é incipiente no Brasil, mas a Embrapa está avançando nesta área, de olho no potencial que esta planta possui para agregar-se como mais um produto do agronegócio brasileiro.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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