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OS JOVENS NA MODERNIZAÇÃO DO CAMPO


Amélio Dall’Agnol

“A turbulência é uma força da vida. É uma oportunidade. Vamos amá-la e usá-la para realizar as mudanças “(Ramsay Clark)

As constantes transformações sociais, econômicas, políticas e tecnológicas - que modificam cada vez mais rapidamente o ambiente que nos cerca - exigem das pessoas mudanças de igual teor e intensidade, para não ficarem à margem do desenvolvimento que essas transformações representam. Nesse contexto, alguns indivíduos reagem mais rapidamente que outros. Os jovens, por exemplo, são mais receptivos às mudanças e se adaptam mais facilmente que os adultos aos novos cenários.

Mudar costumes, crenças e conceitos já arraigados não é fácil e vai-se tornando mais difícil à medida que as pessoas envelhecem. Com o avançar da idade, essas pessoas se fixam em valores do passado e temem os riscos que toda a mudança representa. Também, com maior idade, as pessoas assumem mais compromissos sociais e se tornam mais sensíveis a um eventual fracasso de uma iniciativa mal sucedida. Por essa razão, os adultos tendem a preferir a segurança do status quo, ao provável êxito de uma mudança arriscada.

Com os jovens não é assim: por sua pouca idade, eles ainda não protagonizaram experiências de vida que os transformassem em depositários de idéias e conceitos caducos, estando mais inclinados a aceitar as iniciativas e os desafios de um novo empreendimento. A cabeça de um jovem é mais maleável: é de pequenino que se torce o pepino, ensina a sabedoria popular.

Os jovens podem expor-se mais ao risco de um mau negócio, porque, na eventualidade de a hipótese concretizar-se, eles sofrem menores conseqüências: suas responsabilidades sociais são ainda pequenas e contam com mais energia e disposição para suportar o impacto negativo de uma frustração, além de terem toda uma vida pela frente para a recuperação.

A propósito da juventude rural como potencial agente de transformação, a Cooperativa Integrada do Paraná promoverá, em Londrina, nos dias 24 e 25 de julho próximo, o 12ª JOVENCOOP - Encontro Estadual de Jovens Cooperativistas, iniciativa elogiável, que, certamente contribuirá para despertar no jovem participante do encontro o desejo de repetir, na propriedade dos seus familiares, experiências bem sucedidas relatadas por companheiros de jornada.

No entanto, sabe-se que não será fácil ao jovem empreendedor, por mais sincero e correto que esteja em suas propostas de mudanças, obter, dos familiares mais adultos, a autoridade de que precisa para executá-las na propriedade da família: a tendência dos mais adultos é menosprezar as idéias revolucionárias dos mais jovens.

Talvez por causa disso, muitos pequenos produtores rurais, desiludidos com a queda da renda familiar verificada ao longo das últimas décadas e enfrentados à sua própria incapacidade de modernizar o seu empreendimento agrícola, viram-se marginalizados no próprio campo e preferiram enfrentar a incerteza da vida urbana, onde, em inúmeros casos, a fome os transformou de pacíficos trabalhadores rurais em violentos cidadãos urbanos. Quando não eles próprios, filhos seus encontraram morte violenta ou foram marginalizados pela miséria. A periferia de Londrina é um bom exemplo desse êxodo involuntário, que, eventualmente, poderia ter sido evitado se o potencial de inovação que os jovens possuem tivesse sido melhor aproveitado, privilegiando as suas iniciativas, ao invés de favorecer a vontade dos adultos, sempre mais reacionários a mudanças, muito necessárias para viabilizar a pequena produção, no contexto da nova economia de mercado.

A energia e a audácia, características inerentes ao jovem, quando bem canalizadas, constituem-se na cunha que deslocará o quietismo da tradicional força de trabalho do campo, demasiadamente aferrada a retrógrados modelos de produção. Os jovens, além de mais receptivos à inovação, são mais ousados: o risco lhes representa um desafio e esse desafio, um estímulo. O futuro não é o que a gente teme. O futuro é o que a gente ousa (Carlos Lacerda, político brasileiro).

A propósito dos R$ 5,4 bilhões prometidos pelo atual governo aos agricultores familiares, a juventude rural está sendo envolvida na estratégia de melhor utilização desses recursos?!

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