Os avanços tecnológicos modificam o mundo e nos globalizam, sendo que a humanidade chegou ao atual estágio de desenvolvimento graças à tecnologia. Todavia, nem todos conseguem usufruir da mesma de forma adequada. Isso porque lhes falta a capacidade (ou condições) para inovar. Entendendo-se aqui inovação como a capacidade de a sociedade assimilar e usar a tecnologia.
A mesma pode ser complementada como “a criação de algo novo ou a melhoria de algo existente, cujo processo envolve o desenvolvimento de novas ideias, produtos, serviços ou métodos que oferecem valor ou soluções para determinados problemas”. O Brasil é um dos tantos países em que a inovação ainda enfrenta muitos obstáculos. E isso explica parte de nossas dificuldades em avançarmos socioeconomicamente. Paul Krugman já disse que “produtividade não é tudo, porém, no longo prazo é quase tudo”.
Ora, nossa produtividade, especialmente no âmbito do trabalhador e das empresas, é muito baixa. Nos últimos 40 anos a taxa média de crescimento da produtividade do trabalhador brasileiro foi de 0,6% ao ano, uma das mais baixas do mundo. É sabido, hoje, que a inovação no âmbito das empresas é um dos principais elementos para ganhos de produtividade.
Dentre os desafios a serem vencidos pelo Brasil, para este quadro melhorar, citam-se dois: superar as falhas no mercado de crédito, e as empresas que inovam não conseguem se apropriar amplamente dos ganhos das atividades inovativas, gerando desestímulo e menos investimentos na área. Soma-se a isso o fato, mesmo que os governos estejam se interessando mais no assunto, de os investimentos públicos estarem muito aquém do necessário. Além disso, os avanços obtidos esbarram em um outro problema crônico que temos: a escassez de mão de obra qualificada para trabalhar com a inovação.
Estudos recentes dão conta de que obstáculos de conhecimento têm o mesmo efeito perverso dos impactos financeiros na redução das empresas em inovarem. Assim, não basta aumentar os investimentos públicos e privados em inovação. É preciso, como é sabido historicamente, melhorar consideravelmente as políticas de qualificação da mão de obra, por onde passa a educação em geral e a formação técnica em particular (cf. Pinheiro, M. Conjuntura Econômica, FGV, julho/24, pp.18-19).