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Os caminhos para a cafeicultura


Opinião Livre
A cafeicultura como negócio ainda está em lentos passos. Principal atividade econômica do Sul de Minas, responsável pela empregabilidade da agricultura familiar, é a fonte de renda dos pequenos produtores que têm na mão de obra da família a força de trabalho para esta lavoura que requer cuidados anuais e dedicação constante.
Para o setor, o crescimento do consumo dos cafés especiais não representa aumento de renda, uma vez que as exigências são cada vez maiores e a profissionalização do cafeicultor é fundamental para a ampliação dos negócios. 
As novas tecnologias, como as cápsulas ou sachês com pó de café, não tiram o mercado do tradicionalismo do cafezinho coado na hora, mas o paladar do consumidor de café no Brasil, bem como no exterior, vem exigindo do cafeicultor uma constante atualização. 
Saber o tipo de bebida que os grãos oferecem, o ponto de torra ideal e os cuidados pós-colheita são alguns dos itens oferecidos nos cursos e nos dias de campo realizados nas lavouras do Sul de Minas. 
A distância entre o produtor do Sul de Minas e os consumidores está diminuindo graças às tecnologias e à facilidade de divulgação pela internet com as redes sociais. A cada dia, mais e mais produtores usam as ferramentas dos novos veículos de comunicação e dos aplicativos para apresentarem seus produtos.
Outro ponto de destaque é o fato de que o mundo bebedor de café começa a visitar as fazendas, experimentar os cafés especiais e beber o café mineiro in loco. Por isso, a comunicação cada vez mais precisa sobre o tipo de grão produzido e tipo de bebida oferecida se faz mais necessária para a cafeicultura. O investimento em selos de sustentabilidade, práticas responsáveis e serviços de comunicação qualificados agregam valores à xícara.
O ano de 2016 foi marcado pela ampliação da participação de pequenos produtores em concursos de qualidade, mais que os certificados os cafeicultores estão aprendendo a preparar os grãos por excelência.
As politicas para o setor ainda caminham a passos lentos. Mesmo sendo o café uma das principais commodities, a garantia de preço mínimo não responde e não acompanha os custos de produção. Há uma diferença que precisa ser equalizada, para que aconteça o lucro. A venda das sacas ainda passa por um desafio: diminuir os custos, para que a lavoura responda com produtividade e qualidade e, dessa forma, melhorar a renda do produtor.
É neste momento, em que o país pensa seu destino e que o agronegócio se firma como a vocação primeira do Brasil, que os rumos da cafeicultura precisam ser refletidos e discutidos de maneira séria e responsável pelos que têm o poder de tomar decisões que balizam o destino das novas gerações dos cafeicultores, pois são eles que sabem muito bem como manejar a lavoura, mas ainda não têm uma voz ativa que os defenda para elaborar uma política eficaz para o setor.
Valéria Vilela é jornalista especializada no agronegócio com ênfase no mercado de café.

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