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O desenvolvimento econômico e o aumento de áreas degradadas


Alexander Silva de Resende

Pesquisador Embrapa Agrobiologia - Seropédica-RJ

A medida que o homem moderno vai demandando cada vez mais produtos e serviços, para tornar cada vez mais “confortável” seu dia-a-dia, mais o planeta vai sentindo os impactos em seus recursos naturais.

Isso é bem fácil dimensionar quando imaginamos que para a construção de prédios e casas por exemplo há a necessidade da mineração de areia, pedra, ferro, bauxita para produção de alumínio, cimento, utilização de madeira, pedras decorativas, entre tantos outros produtos originados a partir da mineração ou da exploração direta dos recursos naturais.

Quando pensamos na agricultura, a situação é a mesma. Há a necessidade de fertilizantes à base de fósforo, potássio, rochas calcárias, entre outros, que aliado ao processo de revolvimento de solo e uso agrícola sem práticas conservacionistas, acaba de alguma forma sendo responsável pela maior parte da degradação das terras brasileiras. Estudos da FAO (2000) estimam que mais de 75% das terras degradadas brasileiras têm origem no setor agropecuário.

O Brasil vem se destacando no cenário mundial no uso de combustíveis alternativos ao modelo fóssil vigente. Isso vem desde o início da formação da matriz energética do país, calcada em hidroelétricas, passando pelo programa de etanol nos anos 70 e mais recentemente na corrida ao biodiesel de dendê, mamona, pinhão manso, soja, etc.

Independente do modelo vigente de energia utilizada, fica claro que a matriz atual tem grande impacto na qualidade do ar. No entanto, ainda não é claro se a matriz bioenergética proposta poderá não só influenciar a qualidade do ar, como feito pelos combustíveis fósseis atualmente, mas também a qualidade da água e do solo. O manejo e o zoneamento dos cultivos é que ditarão o nível de impacto que os biocombustíveis poderão ter no País, em função de uma manejo agrícola mais ou menos conservacionista.

Toda essa discussão sobre a matriz energética a ser utilizada é muito salutar, mais nos remete a uma fuga do tema central que é a de que com a densidade populacional atual, a demanda energética que temos é extremamente elevada. Ignorar esse fato, mesmo que propondo energias alternativas, me parece colocar mais uma vez o econômico na frente do ecológico. Um discurso da moda, não significa exatamente que é o mais correto.

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