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O desafio de alimentar a humanidade


Amélio Dall’Agnol
Quando analisamos a velocidade com que cresce a demanda global por alimentos, somos forçados a nos perguntar onde encontraremos terra para produzi-los, visto que os espaços agricultáveis do Planeta são limitados e se esgotando.
O aumento no consumo de alimentos tem sido espetacular no correr das últimas décadas, não tanto pelo crescimento vegetativo e envelhecimento da população, mas, principalmente, pela inclusão social de milhões de cidadãos que viviam à margem do mercado de consumo. Se estima que a China tenha resgatado da estrema pobreza e integrado ao mercado consumidor mais de 400 milhões de pessoas, em duas décadas. Isto explica a agressividade com que a China tem participado do mercado comprador de alimentos, nas duas últimas décadas.
Mas não há motivos para pânico. Se, por um lado, a demanda ainda deverá continuar a crescer por algumas décadas, até que todos os cidadãos deste planeta estejam incluídos no mercado consumidor de alimentos, por outro lado, o crescimento da população dá sinais de que irá estabilizar-se e posteriormente decrescer. Isto começa a ser percebido nos países mais desenvolvidos, onde o número de filhos por casal já é menor do que dois, intuindo que futuramente os casais não terão os filhos necessários para substituí-los e a população global irá diminuir ao invés de crescer.
O temor pela falta de comida é antigo e recorrente, mas a ameaça nunca se concretizou porque as inovações tecnológicas implementadas pelo homem têm afastado esse fantasma, proporcionando mais produtividade aos campos já cultivados. A revolução tecnológica mais recente foi proporcionada pelos cultivos transgênicos, que, após mais de 20 anos sendo consumidos, mostraram ser seguros à saúde de humanos, animais e ao meio ambiente.
Mas a FAO nos informa que mais de 800 milhões de cidadãos, mundo afora, continuam passando fome e 10 mil morrem de inanição a cada dia. Certamente não é por falta de alimento e nem pela nossa incapacidade de produzi-los em maior quantidade. O que faz falta, e todos sabem, é dinheiro na mão do faminto para adquirir a comida, de vez que para produzi-la o agricultor gasta dinheiro e esforço que precisam ser recompensados.
Existe uma coisa pior do que morrer de fome no deserto; é não ter o que comer na Terra de Canaã (José Américo de Almeida, no livro “A Bagaceira”).

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