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O carma de ser pessimista


Amélio Dall’Agnol
Certamente que você, quanto eu, apreciamos a convivência com pessoas alegres, descontraídas e simpáticas. Apreciamos a felicidade e bem estar estampado no rosto dessa gente e ficamos fascinados pelo brilho dos olhos e o entusiasmo com que elas falam da vida que levam no trabalho e no âmbito familiar, e nos contagiam com as boas perspectivas de vida que vislumbram para si e para os seus. São otimistas sobre tudo e sobre todos. Sua presença é desejada e agradável porque nos conforta com o seu jeito positivo de encarar a vida. É bom estar com elas.

Mas nem todas as pessoas que as circunstâncias colocaram no caminho da nossa vida são assim. Ao contrário do grupo anterior, há as pessimistas, cuja presença nos deixa pouco à vontade, porque da vida parecem desejar sempre o pior. Para elas tudo é difícil, é ruim. Nada parece dar certo nas iniciativas que tomam, razão pela qual manifestam um mau humor permanente. Sofrem gratuitamente e pior, parece que gostam disso. São pessoas desagradáveis, porque o papo delas é um queixume constante e “a conversa triste com os tristes só nos deixa mais tristes”.
Pessimista lembra péssimo, donde a origem do termo. O pessimista só vê o lado negro das coisas e sempre que possível as escurece com cores ainda mais lúgubres. Parece viver num estado permanente de insatisfação, mágoa e contrariedade. Reclama de tudo e de todos. Nas pessoas, só encontra defeitos: Fulano? “Não é o que parece”. Sicrano? “Não poria a mão no fogo por ele”. Beltrano? “Nem me fale desse cara”. Na eventualidade de presenciar uma atitude eticamente correta de uma pessoa virtuosa, ele a distorce e considera a virtude um defeito: “é muito babaca esse cara, encontrou um pacote de dinheiro na rua e foi entregá-lo à polícia e aposto que os policiais ficaram com a grana”. Mas consegue identificar virtudes em defeitos de outros indivíduos: “sujeito esperto o fulano, conseguiu enrolar a Receita e teve restituído todo o imposto de renda retido na fonte”.

Oscar Wilde, um mestre do cinismo da literatura mundial, descreveu o pessimista como uma pessoa que, podendo escolher entre dois males, fica com os dois.
Ninguém nasce pessimista. Ele é produto do meio. Teria ele se tornado pessimista por causa de bullying que sofreu na escola, ou pela frustração de não ter conseguido integrar-se ao grupo social que almejava, ou teria se deprimido porque suas opiniões foram sistematicamente menosprezadas e descartadas? Ou ainda, teria ele se transformado num poço de mágoa e de inveja porque a sua turma subiu na vida e ele ficou a ver navios? Só Deus e o próprio sabem e eles não vão nos contar.
O pessimista é desagradável, mas tem cura. Só depende dele conscientizar-se de como está sendo percebido pelas pessoas que o cercam em seu ambiente social e mudar rapidamente, antes que todos o identifiquem como um chato.

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