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O agronegócio e seu compromisso com a produção sustentável


Opinião Livre
Do trabalho dos produtores depende, em grande medida, o presente e o futuro do país. Sua realidade, que espelha tantas conquistas, reforça junto a sociedade o compromisso com uma produção cada vez mais sustentável de alimentos, fibras e energia 
A sustentabilidade da agricultura brasileira não apenas é um fato irreversível como o Brasil tem se sobressaído, nas últimas décadas, por várias iniciativas que servem de exemplo e modelo para o mundo.
Depois de adotar e aperfeiçoar o sistema de plantio direto na palha, a partir da década de 1970, começando pelo Paraná, o país se tornou uma referência em programa de conservação de solos, deixando para trás o arcaico manejo convencional, que, entre outras mazelas, favorece a erosão.
O plantio direto é ambientalmente sustentável e, segundo a Embrapa, essa prática já atinge 75% da área ocupada por lavouras anuais de grãos no país, um dos principais produtores mundiais de alimentos. Como o sistema dispensa o preparo nos antigos moldes, caracterizado pelo intenso revolvimento da camada cultivável, o solo permanece sob uma cobertura de palha da cultura anterior. Tal proteção impede a formação de enxurradas, inibe a erosão eólica e facilita a absorção da água, mantendo o solo úmido por mais tempo após a chuva, o que reduz a intensidade de veranicos de curta duração. Como não fica descoberto e exposto aos raios solares, o solo cultivado não esquenta e isto é vital para o desenvolvimento da vida microbiana que vai restabelecer a fertilidade.
Esse círculo virtuoso leva ao aumento de produtividade das lavouras, ou seja, maior quantidade de alimentos na mesma área. Para se ter ideia, o país saltou de uma média de 1,5 mil quilos de soja por hectare, na década de 1970, para cerca de 3 mil no ciclo 2012/13. 
Foi graças à sustentabilidade, utilizando itens básicos como o plantio direto e uma série de inovações tecnológicas, que o Brasil promoveu nos últimos 40 anos uma verdadeira revolução no agronegócio, hoje o setor mais importante, moderno e dinâmico da economia, gerando muitas riquezas.
A conservação do solo (e o aumento da produtividade) tem sido aprimorada por um “achado” que se encaixa com perfeição a esse processo. O capim braquiária,  espécie africana introduzida ainda nos anos 1970 em terras brasileiras, onde se adaptou facilmente como forrageira, foi redescoberto por pesquisadores em razão dos inúmeros benefícios com os quais ajuda a consolidar a sustentabilidade no campo.
A braquiária, por ser rústica, é um dos capins mais indicados para a formação dos pastos, oferecendo bom volume de massa para a engorda do rebanho e apresentando tolerância ao frio (época em que geralmente as pastagens ficam esgotadas, causando no gado o indesejável “efeito sanfona”). Mas não é só: ela presta importante contribuição ao solo. Graças ao seu profundo enraizamento, ajuda a combater os efeitos da compactação, facilitando a infiltração de água.
Nos Estados produtores de milho de inverno, esse capim vem ganhando espaço em consórcio com o cereal, o que inibe o desenvolvimento de ervas daninhas – demandando menos herbicidas – e favorecendo a necessária cobertura de palha para que seja feito o plantio direto da subsequente cultura de verão.
Como é lembrado, a agricultura praticada em regiões de clima temperado foi adaptada pela Embrapa para a zona tropical, onde a intensa insolação promove a queima de matéria orgânica – e a consequente emissão de carbono na atmosfera. A braquiária, justamente, se apresenta entre as melhores alternativas para o desafio de produzir matéria orgânica e, ao mesmo tempo, reter no solo expressiva quantidade de carbono.
O plantio direto e a braquiária são sinérgicos e indispensáveis à evolução sustentável da agropecuária, como vem acontecendo. Esses dois itens possibilitaram, inclusive, que o Brasil desenvolvesse um inovador modelo de exploração agrosilvopastoril, com tecnologias geradas pela Embrapa, que podem ampliar as safras de grãos, bem como a produção de proteína animal e de madeira de reflorestamento, sem a necessidade de desmatar. Trata-se da integração lavoura, pecuária e floresta (iLPF), um programa moderno e destacadamente sustentável, que incorpora pastos degradados ao processo produtivo.
O país cultiva atualmente cerca de 50 milhões de hectares com agricultura de grãos, mas possui outros 100 milhões de hectares de pastos que apresentam baixo índice de ocupação (média de 0,7 unidade animal por hectare). A iLPF é o caminho viável e ambientalmente adequado para ampliar as fronteiras agrícolas e conduzir a uma moderna atividade pecuária, de menor ciclo, oferecendo ao mercado carne de melhor qualidade. O sistema consiste do plantio de soja no verão e cultivo de braquiária no outono para a produção de massa alimentar que irá suprir o gado no inverno. A seguir, a braquiária é dessecada para o reinício do ciclo, com a soja. A iLPF se complementa com o plantio de florestas intercalares de eucalipto que, além de proporcionarem uma renda adicional com madeira, vão garantir maior conforto térmico aos animais.
Por seu dinamismo e todos os demais efeitos positivos que apresenta às regiões onde é praticada, impulsionando o desenvolvimento regional e trazendo mais qualidade de vida à população, a iLPF se impõe como uma nova ordem no campo. Tal modelo é imprescindível para um país que deverá, nas próximas décadas, ampliar ainda mais o seu protagonismo na oferta mundial de alimentos, considerando que, em 2050, o planeta deverá ter uma população de 9,2 bilhões de habitantes potencialmente mais rica e consumidora que a atual.
Quando falamos na sustentabilidade do agronegócio brasileiro, não podemos deixar de mencionar os extraordinários avanços que fazem do Brasil o país com melhor desempenho em logística reversa de embalagens de agroquímicos. O sistema, criado e desenvolvido pelo próprio setor, conta com 100 unidades de recebimento em 23 Estados e desde a sua criação, em 2002, já foram encaminhadas mais de 300 mil toneladas desses recipientes para o destino ambientalmente correto. De acordo com o impEV, enquanto nos Estados Unidos o índice de recolhimento de embalagens não passa de 33%, no Brasil ele é de expressivos 94%! 
Os produtores rurais fornecem alimento barato que abastece o mercado interno, assegurando paz social e também grandes excedentes para exportação. Investem na preservação ambiental (lembrando que o Brasil ainda detém 60% de suas florestas originais), impulsionam o desenvolvimento nas regiões onde atuam, são empreendedores e inovadores, tendo construído notáveis centros de referência cooperativista em importantes regiões (no Paraná as cooperativas garantem a sustentabilidade dos pequenos agricultores).
Sem esquecer que o campo contribui decisivamente para o equilíbrio da economia. Entre 2003 e junho de 2014, segundo dados do MDIC, o superávit comercial do agronegócio brasileiro totalizou impressionantes US$ 617,15 bilhões, com o setor tendo respondido no ano passado por nada menos que 41% das exportações. Comparando, entre 2003 e 2013 o saldo positivo na soma de todos os segmentos econômicos do país foi de US$ 312 bilhões, ou seja, apenas a metade.
Como se pode ver, do trabalho dos produtores depende, em grande medida, o presente e o futuro do país. Sua realidade, que espelha tantas conquistas, apenas reforça junto a sociedade o compromisso com uma produção cada vez mais sustentável de alimentos, fibras e energia.  
Luiz Lourenço
Presidente do Conselho de Administração da Cocamar Cooperativa Agroindustrial

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