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O agricultor merece mais reconhecimento


Amélio Dall’Agnol
Estudo do DIEESE, com dados deflacionados pelo IGP-DI, indicam que o preço da cesta básica de alimentos no Brasil caiu 50%, entre 1975 e 2013, resultado, principalmente, da maior eficiência dos produtores rurais no manejo do campo, produzindo cada vez mais e com custos cada vez menores. Além de proporcionar essa queda significativa no preço da comida para o consumidor urbano, a produção agrícola respondeu pela maior parte dos saldos positivos da balança comercial brasileira. Mesmo assim, o campo recebe críticas pela suposta destruição ambiental, como se fosse possível produzir alimentos sem alterar a vegetação nativa e sem valer-se dos pesticidas para controlar as pragas que destroem as plantações.
A bem da verdade, há exageros na quantidade de pesticidas que muitos produtores utilizam no combate às pragas, fazendo pouco uso dos métodos alternativos para controla-las. Esse comportamento é particularmente agravado quando os preços das commodities agrícolas estão em alta no mercado, cuja fartura favorece, aparentemente, o desperdício do dinheiro ganho com certa facilidade. Mas, agricultor, saiba que anos de fartura e de carestia se alternam no tempo. “Não há mal que sempre dure, mas também não há bem que nunca acabe”, nos ensina um ditado bastante popular. Sendo assim, porque não guardar as sobras dos anos de fartura, para enfrentar as dificuldades dos anos de carestia?! Isto se chama gestão, tão importante para o êxito de um negócio agrícola, quanto a boa produtividade.
Levantamento realizado pela multinacional BASF, em 2011 e 2013, junto a uma amostra de produtores rurais do Brasil, indicou que eles estão satisfeitos com o que fazem, mas demonstram certa mágoa pelo tratamento que recebem da sociedade urbana, a qual parece não entender a importância do trabalho que realizam na oferta de mais alimentos e por um preço cada vez menor. Gostariam que isto se traduzisse em mais reconhecimento e prestígio para a classe. Ademais, são os enormes saldos da balança comercial do agronegócio que permite ao governo brasileiro distribuir benesses, como o Bolsa Família e outras gentilezas.
O que mais questionam os críticos urbanos, é a pretensa falta de sustentabilidade dos processos produtivos agrícolas, o que é uma falácia, dadas as melhorias processadas nas técnicas de produção recentes e, aparentemente, desconhecidas desses críticos, sinalizando que o que criticam é o passado e não a realidade presente, que desconhecem. Se não fosse por esse motivo, seria por uma causa muito pior: preconceito ideológico.
O Brasil dos anos 70, era um importador líquido dos dois grãos mais consumidos pela população: arroz e feijão, componentes do mais tradicional prato do brasileiro. Hoje, o país figura orgulhoso como o segundo maior exportador de comida, atrás, apenas, dos Estados Unidos que, segundo a FAO, cederão esse trono ao Brasil, dentro de não mais do que uma década.
E quem produziu esse milagre? O agricultor, certamente, que com justiça está a exigir mais respeito e reconhecimento da sociedade urbana, pelo que ele fez e continua fazendo em benefício de todos.

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