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MATOPI OU MATOPIBA?


Amélio Dall’Agnol
O Brasil é imenso: 851 milhões de hectares (Mha), dos quais somente 340 Mha são terras agricultáveis e, destas, apenas 75 Mha estão incorporados ao processo produtivo de grãos, fibras, tubérculos, café, cana, frutas e hortaliças. Parte significativa do restante da área (248 Mha), são terras indígenas (104 Mha) ou unidades de conservação públicas (144 Mha).
Adicionalmente aos 284 Mha de áreas públicas protegidas, outros 274 Mha (dos 340 Mha agricultáveis), também são áreas protegidas pela legislação brasileira - embora privadas - na condição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal, de vez que, a depender da localização da propriedade, 20%, 35% ou 80% da área não pode ser cultivada, pois constitui reserva legal obrigatória. Só a legislação brasileira faz tamanha exigência ao proprietário da terra.
Mesmo com tantas restrições, o Brasil caminha para a liderança na exportação mundial de alimentos. Já é líder na exportação de soja, carnes, café, suco de laranja, tabaco, etanol de cana e açúcar. Na exportação de milho, embora historicamente um player marginal, em meia década converteu-se em vice-líder na exportação global do produto: exportou 1,1 milhões de toneladas (Mt) em 2005 e 23,5 Mt em 2013.
Embora o sul do Brasil tenha sido tradicionalmente o celeiro nacional, o bioma Cerrado passou a ocupar esse espaço a partir dos anos 90. A soja tem sido o carro chefe dessa transformação regional, começando o seu cultivo em larga escala pelo estado do Mato Grosso do Sul (MS) na década de 1970; avançou aceleradamente sobre os cerrados do Mato Grosso (MT), Goiás (GO), Minas Gerais e Bahia (BA), na década de 1980/90 e, no alvorecer do século 21, conquistou os planaltos do Maranhão, Tocantins e Piauí (MATOPI).
A novíssima fronteira do MATOPI, a cujo acrônimo muitas vezes é acrescentado a BA (MATOPIBA), é a região onde a produção de soja mais cresce no Brasil moderno, dada a perspectiva de logística favorável para o escoamento e comercialização das safras, em razão da expectativa de que o pleno funcionamento da ferrovia Norte-Sul está próximo de concretizar-se e pela proximidade dos portos de São Luiz e Belém, o que reduz os custos do frete e, consequentemente, torna o preço do grão mais competitivo que o praticado na principal região produtora de MT, GO e MS.
 A produção de soja no MATOPIBA avançou 318% entre 2000 (2,2 Mt) e 2013 (9,2 Mt). O crescimento mais significativo aconteceu nos estados de PI e TO: 62.000ha e 66.000ha em 2000, contra 602.000ha e 635.000ha, em 2013. Crescimento de 871% e 862%, respectivamente. MA e BA também cresceram, mas em menor proporção: 196% e 85% (210.000ha e 691.000ha, em 2000 contra 621.000ha e 1.281.000ha, em 2013). Estima-se que a área ainda disponível e apta para a produção de soja e outros grãos, nessa região, seja superior a 10 Mha.
Este é o Brasil que funciona e que está dando certo. Por conta do êxito do setor agrícola e dos enormes saldos positivos na balança comercial do agronegócio, o comércio exterior do Brasil tem apresentado superávits contínuos nas três últimas décadas, não obstante os saldos negativos dos demais setores da economia brasileira.
Com tantos benefícios disponibilizados ao país e aos brasileiros, não soam racionais as críticas que certos setores da sociedade brasileira fazem ao agronegócio.

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