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Manejo de Pastagens de Estilosantes Mineirão na Amazônia Ocidental



Newton de Lucena Costa

O Stylosanthes guianensis var. Vulgaris cv. Mineirão é uma leguminosa forrageira perene, originária do continente sul-americano, coletada em Minas Gerais, em 1979 pelo Pesquisador Nuno Maria Souza Costa. A planta é um subarbusto que atinge até 2,5 m de altura. Apresenta caules grossos na base e pilosos no final das hastes. Seus folíolos são lanceolados medindo 2,0 a 5,0 cm de comprimento e o,4 a o,8 cm de largura, com 5 a 7 pares de nervuras. Os ramos e folhas possuem viscosidade que se acentua no período seco e pode dificultar a colheita mecanizada de sementes. Quando plantada em outubro-novembro floresce em maio-junho. Considerando-se que as pastagens na Amazônia Ocidental são, basicamente cultivadas e constituídas por gramíneas, o Mineirão surge como uma alternativa para o melhoramento destas, devido ao seu bom valor nutritivo e capacidade de incorporar expressivas quantidades de nitrogênio ao solo (120 a 180 kg/ha/ano).

Clima e solo - Seu melhor desempenho ocorre em regiões úmidas com precipitações entre 800 e 1.800 mm anuais. Apresenta elevada resistência à seca e ao pastejo, porém moderada tolerância ao sombreamento e ao fogo.  O Mineirão possui grande adaptação aos solos de baixa fertilidade natural, sendo capaz de atingir 80% de seu rendimento máximo de forragem, sob 60% de saturação de alumínio e 2 mg de P/kg, além de ser tolerante ao manganês tóxico. No entanto, o crescimento pode ser incrementado pela elevação do pH através da calagem. Em solos com baixa disponibilidade de fósforo, responde marcadamente à adubação fosfatada. É uma leguminosa promíscua, nodulando intensamente com as estirpes nativas de Rhizobium, além de alta capacidade de transferência de nitrogênio ao sistema solo-planta.

Estabelecimento - Apesar do seu desenvolvimento ser, inicialmente bastante lento, uma vez estabelecido, apresenta excelente vigor e alta produtividade, tornando-se muito competitivo. O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso (outubro/novembro). As sementes podem ser distribuídas a lanço ou em linhas (manual ou mecanicamente), à profundidade de 2,0 cm com espaçamento de 0,5 a 1,0 m entre linhas. A densidade de semeadura será de 2 a 3 kg/ha (lanço) e 1,5 a 2 kg/ha (linhas). Para a formação de pastagens consorciadas com gramíneas recomenda-se 0,5 a 1,0 kg/ha de sementes da leguminosa. As sementes apresentam dormência mecânica. A escarificação pode ser feita por imersão em água quente (80°C por 3 a 5 minutos); imersão em ácido sulfúrico concentrado por 20 minutos ou em solução de soda caústica a 20% por 30 minutos.

Produção de forragem e valor nutritivo - O Mineirão cresce rapidamente e produz bastante forragem, no entanto a produtividade depende do tipo de solo, manejo e condições climáticas. Em Rondônia, os rendimentos de forragem estão em torno de 10 a 14 e, 4 a 6 t/ha de matéria seca, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. O Mineirão é uma leguminosa de abundante crescimento e forma consorciações compatíveis e persistentes com capim-colonião (Panicum maximum), quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicola), brachiarão (B. brizantha cv. Marandu), capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) e capim-elefante (Pennisetum purpureum).

O Mineirão constitui-se numa excelente fonte de proteína para os rebanhos, principalmente, durante o período de estiagem, já que seus teores de proteína bruta variam entre 16 e 18%, enquanto que uma gramínea, na sua fase ótima de utilização, apresenta de 8 a 10%. Com oito semanas de crescimento, apresenta 0,20% de fósforo, 0,68% de cálcio e 60% de digestibilidade “in vitro” da matéria seca. Os ganhos de peso podem variar de 250 a 800 g/animal/dia e de 400 a 600 kg/ha/ano. Tolera a defoliação e recupera-se bem, quando submetido a pastejo controlado, não devendo ser rebaixado a menos de 30 cm acima do solo.

Manejo - O Mineirão pode ser utilizado sob a forma de feno, pastejo direto, puro ou consorciado com gramíneas, para a formação de bancos-de-proteína (piquete exclusivo apenas com a leguminosa) ou através de cortes para fornecimento em cochos. Quando utilizado em bancos-de-proteína, o período de pastejo deve ser de uma a duas horas/dia, preferencialmente, após a ordenha matinal.  Gradualmente, à medida que os animais vão se adaptando ao alto teor de proteína da leguminosa, o  de pastejo pode ser de duas a três horas/dia, notadamente durante a época seca em que a alimentação dos animais torna-se mais crítica. O dimensionamento da área do banco-de-proteína depende da categoria e do número de animais a serem suplementados, das exigências dos animais e da disponibilidade de forragem. Em geral, um hectare de Mineirão pode alimentar, satisfatoriamente, 20 a 25 vacas paridas durante o período chuvoso e, de 15 a 20 vacas durante a época seca.


Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá

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