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Manejo de Pastagens de Calopogônio na Amazônia Ocidental



Newton de Lucena Costa

O calopogônio (Calopogonium mucunoides Desv.), originário da América do Sul, é uma leguminosa forrageira perene, de crescimento estival, sob condições de umidade e anual, de regeneração por sementes, sob condições de seca. As hastes, folhas, inflorescências e vagens são totalmente recobertas por pelos curtos, de cor marrom clara (ferruginosa). As folhas têm três folíolos grandes e estipulados. As vagens são curtas e retas, septadas entre as várias sementes, sendo bivalvas e deiscentes. Nas condições regionais floresce e frutifica, entre abril e junho, caracterizando-se por uma alta produção de sementes (200 a 300 kg/ha). A frutificação e a maturação das vagens ocorrem 45 a 60 dias após a floração, respectivamente. A cultura apresenta um ciclo aproximado de 240 a 260 dias. Considerando-se que as pastagens da Amazônia Ocidental são, basicamente, cultivadas e constituídas por gramíneas, o calopogônio surge como uma alternativa para o seu melhoramento, devido o bom valor nutritivo e a capacidade de incorporar expressivas quantidades de N ao solo (80 a 120 kg/ha/ano).

Clima e solo:

seu melhor desempenho ocorre em regiões úmidas com precipitações entre 1.500 e 2.500 mm anuais. Apresenta baixa resistência à seca, ao encharcamento e ao fogo, porém moderada tolerância ao sombreamento. O calopogônio possui grande adaptação a solos de baixa fertilidade natural, sendo capaz de atingir 80% de seu rendimento máximo de forragem, sob 60% de saturação de alumínio e 4 mg de P/kg, além de ser tolerante ao manganês tóxico. No entanto, o crescimento pode ser incrementado pela elevação do pH através da calagem. Em solos com baixa disponibilidade de P, responde marcadamente à adubação fosfatada. Na Embrapa Rondônia, incrementos superiores a 100% na produção de forragem do calopogônio foram constatados com a aplicação de 80 de P2O5/ha. É uma leguminosa promíscua, nodulando intensamente com as estirpes nativas de Rhizobium, porém sua capacidade de transferência de N ao sistema solo-planta é baixa.

Estabelecimento:

apesar do desenvolvimento inicial ser bastante lento, uma vez estabelecido, apresenta excelente vigor e alta produtividade, tornando-se muito competitivo. O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso, nos meses de outubro a novembro. As sementes podem ser distribuídas a lanço ou em linhas (manual ou mecanicamente), a profundidade de 2,0 cm com espaçamento de 0,5 a 1,0 m entre linhas. A densidade de semeadura será de 2 a 3 kg/ha (lanço) e 1,5 a 2 kg/ha (linhas). Para a formação de pastagens consorciadas com gramíneas, a Embrapa recomenda 0,5 a 1,0 kg/ha de sementes da leguminosa. As sementes apresentam dormência mecânica. A escarificação pode ser feita por imersão em água quente a 80ºC por 3 a 5 minutos; imersão em ácido sulfúrico concentrado por 20 minutos ou em solução de soda cáustica a 20% por 30 minutos.

Produtividade de forragem, composição química e manejo:

cresce rapidamente e produz bastante forragem, sendo sua produtividade afetada pelo tipo de solo, manejo e condições climáticas. Na Amazônia Ocidental, os rendimentos de forragem estão em torno de 3 a 6 e, 1 a 2 t/ha de MS, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. O calopogônio é uma leguminosa de abundante crescimento e forma consorciações compatíveis e persistentes com P. maximum, B. humidicola, B. brizantha cv. Marandu, A. gayanus cv. Planaltina e P. purpureum.

A composição química do calopogônio pode ser considerada entre moderada e boa. Seus teores de PB variam entre 14 e 18%. Com oito semanas de crescimento, apresenta 1,8 g/kg de P; 5,8 g/kg de Ca e 52,8% de DIVMS. Seus teores de tanino são relativamente elevados, quando comparados com os de outras leguminosas forrageiras tropicais, o que pode resultar em menor consumo, devido a sua baixa palatabilidade, notadamente durante o período chuvoso. Os ganhos de peso podem variar de 300 a 400 g/an/dia e de 200 a 300 kg/ha/ano. Tolera moderadamente a desfolhação e recupera-se bem quando submetido ao pastejo controlado, não devendo ser rebaixado a menos de 15 cm acima do solo. O calopogônio pode ser utilizado sob a forma de feno, pastejo direto, fornecido puro ou consorciado com gramíneas, para a formação de bancos-de-proteína ou através de cortes para fornecimento em cochos. Segundo dados da Embrapa, em geral, um hectare de calopogônio pode alimentar, satisfatoriamente, 15 a 20 vacas paridas durante o período chuvoso e de 10 a 15 vacas durante a época seca. A utilização de bancos-de-proteína com calopogônio, em complemento ás pastagens de B. dictyoneura cv. Llanero, resultou em produções de 7,1 e 6,3 kg leite/vaca/dia, respectivamente, para os períodos chuvoso e seco, as quais superaram àquelas obtidas por vacas pastejando apenas a gramínea (5,9 e 4,7 kg leite/vaca/dia).

Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá

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