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Manejo de Pastagens de Andropogon na Amazônia Ocidental



Newton de Lucena Costa

Introdução - O capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) é uma gramínea forrageira perene, ereta, que cresce formando touceiras de até 1,0 m de diâmetro e produz afilhos com altura variando entre 1,0 a 3,0 m. Originário da África Tropical, encontra-se amplamente distribuído na maioria dos cerrados tropicais, em áreas com estação seca bem prolongada.

Clima e solo -  O capim-andropogon vegeta bem em altitudes que variam desde o nível do mar até 1.400 m, principalmente em regiões onde a precipitação oscila entre 1.000 e 2.000 mm/ano. Tolera até nove meses de seca, embora seu crescimento seja favorecido em regiões com três a cinco meses de estiagem. Mantém sua atividade fotossintética e metabólica sob condições de stress hídrico e rebrota rapidamente com as primeiras chuvas. Apresenta excelente adaptação a solos ácidos e de baixa fertilidade natural, desenvolvendo-se melhor nos profundos e bem drenados. No entanto, responde satisfatoriamente à aplicação de doses moderadas de calcário dolomítico (600 a 1.000 kg/ha) e de fósforo (50 a 100 kg de P2O5/ha). Para o capim-andropogon, o nível crítico interno de fósforo foi estimado em 0,135%, o qual foi obtido com a aplicação de 57,9 kg/ha de P2O5.


Estabelecimento - a semeadura deve ser realizada no início do período chuvoso (outubro/novembro). O plantio pode ser em sulcos espaçados de 0,6 a 1,0 m entre si, à lanço ou em covas (0,5 x 0,5 m) quando se utiliza mudas. A profundidade de semeadura deve ser de 2,0 cm, já que as sementes são muito pequenas, o que pode ser obtido pela passagem de um rolo compactador. A densidade de semeadura varia de 10 a 15 kg/ha, dependendo da qualidade das sementes e do método de plantio. Quando em consorciação com leguminosas, o plantio pode ser feito a lanço ou em linhas espaçadas de 1,0 m.

Características agronômicas - O capim-andropogon apresenta as seguintes características: grande tolerância ao fogo; bom potencial para a produção de sementes; não apresenta problemas de fotossensibilização; resistente ao ataque das cigarrinhas-das-pastagens; mal hospedeiro de carrapatos; muito palatável e com bom teor de proteína bruta; rápido rebrote na seca; facilmente eliminado pelo arado e boa aceitação por equinos. Por apresentar hábito de crescimento ereto, forma consorciações bastante equilibradas com leguminosas forrageiras como pueraria, desmódio, stylosanthes e centrosema.


Produção de forragem e valor nutritivo - A produtividade de forragem do capim-andropogon, em geral, é bastante elevada, no entanto, pode ser afetada por diversos fatores (solo, espaçamento, densidade de plantio, manejo e condições climáticas). Na Amazônia Ocidental, as produções de matéria seca estão em torno de 10 a 14 e, 3 a 6 t/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. O valor nutritivo do capim-andropogon é considerado entre moderado e bom, considerando-se consumo, digestibilidade e composição química. Com seis semanas de rebrote apresenta, em média, digestibilidade de 55 a 60% e teores de proteína bruta entre 8 e 10%. Em Rondônia, foram obtidos teores de 10,7 e 7,0% de proteína bruta; 0,20 e 0,15% de fósforo e, 0,29 e 0,20% de cálcio, respectivamente para plantas aos 35 e 63 dias de rebrota.

Manejo - Pastagens de capim-andropogon bem formadas e manejadas apresentam uma capacidade de suporte de 1,5 a 2,0 UA/ha no período chuvoso e 1,0 a 1,3 UA/ha no período seco. Sempre que possível utilizar pastejo rotativo, de modo a otimizar o desempenho animal. Recomenda-se retirar os animais da pastagem quando as plantas forem rebaixadas entre 20 e 30 cm de altura. Os ganhos de peso podem variar de 400 a 600 g/an/dia e entre 350 e 500 kg/ha/ano. Em Rondônia, utilizando-se pastejo contínuo, com ajuste estacional da carga animal, foram obtidos ganhos de 235, 310 e 421 kg/ha/ano, respectivamente para taxas de lotação de 1,0; 1,74 e 2,52 UA/ha. Para pastagens de capim-andropogon consorciada com desmódio (Desmodium ovalifolium cv. Itabela), submetidas a patejo rotativo (7 dias de ocupação por 21 dias de descanso), considerando-se a disponibilidade e composição química da forragem, recomenda-se a utilização de 1,5 e 1,0 UA/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco.

Newton de Lucena Costa – Embrapa Amapá

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