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Investimento em pesquisa


Decio Luiz Gazzoni
O mundo é movido a inovações. Impõe-se quem está um passo à frente no estado da arte tecnológico. Para tanto, é necessário investir. Primeiro em Educação, que é a base. Em seguida, em Ciência e Tecnologia. A Educação pode levar uma geração para transformar uma sociedade, tornando-a mais justa, equânime e produtiva. Na Ciência, dificilmente uma tecnologia de ponta demora menos de uma década entre a sua concepção e a adoção comercial. Portanto, não há outro caminho para uma sociedade que pretende um futuro melhor: investimento prioritário, elevado e contínuo em Educação, Ciência e Tecnologia.

                Época houve, e ainda está viva na memória, em que o motor da inovação (Educação, Ciência e Tecnologia) era uma tarefa exclusiva de Governos. Nas sociedades mais avançadas (Europa, EUA, Japão, Austrália, etc.), o eixo inovativos se move dos Governos para a iniciativa privada. Isto porque o investimento passado foi de tal ordem que sedimentou uma base educacional e científica que diminui a importância dos Governos; e porque os empresários entenderam que o sucesso de seu negócio depende de sua tecnologia estar à frente dos concorrentes.
                Vamos a um exemplo prático. A Embrapa, em seus 40 centros de pesquisa, abriga 2430 pesquisadores, em dezenas de áreas do conhecimento. É a joia da coroa do Governo brasileiro, decantada em prosa e verso por haver transformado o agronegócio brasileiro em pouco mais de três décadas. Mas, no Simpósio do qual participei nos EUA, semana passada, pude observar inúmeros relatos de casos de sucesso, provenientes de investimentos em desenvolvimento tecnológico exclusivo de empresas privadas. E o meu amigo, Eng. Agr. Dirceu Gassen, que também perambulou pelos EUA, me informa que apenas a Monsanto pretende contratar 4.000 novos cientistas nos próximos três anos, exclusivamente para as áreas de biotecnologia e melhoramento de plantas. Quase duas Embrapas apenas para uma linha de desenvolvimento tecnológico! Só há uma maneira de o Brasil não se tornar caudatário do exterior no segmento da economia que tem carregado o país nas costas: quintuplicar seus investimentos em Educação, Ciência e Tecnologia. Do contrário, vamos amargar um prolongado colonialismo tecnológico.

 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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