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Guru americano recomenda investir em agricultura, alimentos e recursos naturais


Climaco Cezar de Souza
Guru americano recomenda investir em agricultura, alimentos e recursos naturais no Brasil e prevê preços das energias solar e eólica balizando o mercado mundial
Prezados amigos. Pela importância - mais meu estilo otimista/desenvolvimentista/nacionalista - transcrevo o IMPORTANTE artigo a seguir publicado no The Wall Street Journal de 20/09/2013 e disponível na internet em INGLÊS em:
“Guru do mercado põe suas cartas nos recursos naturais (E alimentos) ”
25/09/2013
Ian Salisbury
The Wall Street Journal
Jeremy Grantham tem um histórico impossível de se ignorar - ele previu a bolha das pontocom e depois a bolha imobiliária. Embora essas previsões tenham lhe valido a fama de pessimista, ele também disse aos clientes da OGM sua firma de gestão de ativos, que fica em Boston e administra uma carteira de US$ 100 bilhões-, no início de 2009, para entrarem de novo no mercado de ações. Foi nessa mesma semana que as bolsas atingiram seu ponto mais baixo, na ressaca da quebra do banco Lehman Brothers, em 2008.

Agora, o chefe de estratégia de investimentos da OGM, franco como sempre, está gerando manchetes com uma nova previsão: advertências lúgubres sobre uma catástrofe ambiental. Se acreditarmos em seus alertas, os alimentos do planeta estão se esgotando. Os recursos naturais ficarão cada vez mais caros. E, acima de tudo, paira a ameaça da mudança climática.
WSJ: O sr. vem soando o alarme acerca do preço das commodities. Por que tanta preocupação?
Grantham: Os preços baixaram durante cem anos em uma média de 70%; aí, a partir de 2002, mais ou menos, eles dispararam e, basicamente, tudo triplicou. Acho que o tabaco foi a única commodity que caiu de preço. Cem anos de quedas nos preços foram anuladas em apenas seis anos, entre 2002 e 2008. O jogo mudou. E suspeito que mudou devido aos índices de crescimento ridiculamente altos da China, com 1,3 bilhão de pessoas consumindo 45% de todo o carvão utilizado no mundo, 50% de todo o cimento e 40% de todo o cobre. Quer dizer, são números que não podem continuar nesse ritmo sem que algo saia dos trilhos.
WSJ: Isso levou a algumas conclusões surpreendentes, como seus receios sobre recursos naturais que a maioria de nós mal conhece.
Grantham: Analisamos um por um, e concluímos que o mais importante, o mais valioso e o mais crítico é o fosfato ou fósforo. Não é possível fabricar fósforo. E é um elemento necessário para todas as coisas vivas. Ele é extraído pela mineração e está se esgotando. Procurei acadêmicos e lhes disse o que vai acontecer, e eles responderam: 'Ah, mas o fósforo é muito abundante.' Mas o que vai acontecer quando ele se esgotar? 'Ah, mas ele é muito abundante.' É um argumento muito fraco. Existe muito fósforo, é verdade, mas 85% do fósforo de baixo custo e alta qualidade fica no Marrocos [...] e pertence ao rei do Marrocos. É muito, muito mais restrito do que o petróleo no Oriente Médio jamais foi.
WSJ: O que os investidores devem fazer?
Grantham: As implicações para o investimento são, é claro, possuir ações dos recursos no subsolo, possuir grandes recursos, reservas de fósforo, potássio, petróleo, cobre, estanho, zinco. Eu teria menos entusiasmo pelo alumínio e o minério de ferro, pois há muita quantidade. E eu não possuiria carvão, nem areias betuminosas (“gás de xisto?”). É caríssimo construir processadoras de carvão, e as refinarias que têm que ser construídas para as areias betuminosas são enormes; antes de as empresas receberem o dinheiro de volta, suponho que o preço da energia solar e eólica já vai ter baixado muito.

Assim, eu não aplicaria em nada disso, mas creio que o petróleo, os metais e especialmente os fertilizantes, eu compraria - e o mais importante de tudo são os alimentos. A pressão sobre os alimentos é pior do que qualquer outra; portanto, qual é a solução? Agricultura de alta qualidade, que é algo que pode ser feito. A ênfase, do ponto de vista de um investidor, é em ótimas terras para a agricultura. É um bem que tem tido uma grande alta. Ninguém pode se dar ao luxo de ignorar o preço e o valor, mas de vez em quando é possível conseguir bons investimentos em terras agrícolas, e se você estiver disposto a investir em outros países, pode fazer isso hoje mesmo. Eu não arriscaria muito. Eu ficaria com países claramente estáveis - Austrália, Nova Zelândia, Uruguai, Brasil, Canadá e, claro, os Estados Unidos.
WSJ: Por que temos tanta dificuldade de lidar com esse problema? O sr. já protestou contra a mentalidade de curto prazo.
Grantham: Um político de carreira tem um horizonte muito curto. Eles não estão realmente interessados em problemas que acontecerão daqui a cinco ou dez anos. Em segundo lugar, existe o chamado efeito da taxa de desconto, ou seja, um dólar daqui a dez anos tem um valor muito menor para uma empresa do que um dólar hoje. Assim, eles só estão interessados, no nível empresarial, no curto prazo. Em outras palavras, é muito difícil conseguir uma mudança quando as pessoas que estão colhendo grandes benefícios da situação atual não querem essa mudança.
WSJ: E essa perspectiva de longo prazo é importante, não só para mudar a sociedade, mas também para investir. Como investidor, o sr. é conhecido por essa posição.
Grantham: Eu gosto de chegar ao que eu considero a ideia central, que no mercado de ações é a paciência, o valor e a reversão à média. E na sociedade, são os recursos e os danos climáticos. Isso já é muita coisa para se acompanhar. Temos um horizonte de tão curto prazo no mercado de ações que chega a ser chocante, como foi visto na bolha das pontocom. E temos outro horizonte de curto prazo chocante em relação aos problemas sociais, onde tudo que queremos ouvir é qual será a rapidez do crescimento e que tudo está ótimo.
WSJ: Que tal fazer uma previsão quanto às bolsas? O sr. previu a recuperação inicial do mercado em 2009, mas em 2010 o senhor estava prevendo "sete anos de vacas magras". Até agora, porém, o mercado só vem subindo muito.
Grantham: E pode subir muito mais, com o Fed empurrando. E podemos ter outra bolha. Com base na história do Fed, parece que é disso que eles gostam. Já tivemos uma [bolha] em 2000 com Alan Greenspan, e depois tivemos uma bolha imobiliária e uma bolha financeira com Ben Bernanke e Greenspan. E parece que Bernanke está bastante feliz mantendo o juro baixo e vendo as ações subirem. Eles fazem isso porque a alta das ações dá um pequeno pontapé no consumo, você se sente mais rico - e então, quando você menos precisa, ganha uma mordida e os preços voltam ao seu valor justo, ou menos, como em 2009, e o consumidor reage, e assim temos recessão e queda nas bolsas. Mas eles já tiveram isso duas vezes e parecem decididos a fazer o mesmo uma terceira vez. E como eu já disse, uma definição funcional da loucura é continuar fazendo a mesma coisa e esperar um resultado diferente.

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