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Greve geral no campo


Amélio Dall’Agnol
Li, recentemente, artigo onde o autor descreve o caos que se estabeleceu na humanidade, quando os agricultores - cansados de ser explorados pelos consumidores urbanos - decidiram realizar uma greve planetária, zerando a produção de alimentos. O Desespero no Planeta foi geral. O caos só terminou quando o autor acordou de um pesadelo e se conscientizou de que o que ele pensou ter visto foi apenas o resultado de uma noite mal dormida. Ainda bem.   

Greve de produtores rurais, só mesmo em sonho de consumidor assustado, de vez que agricultor não faz greve porque não pode, visto que o contingente maior de agricultores é constituído de pequenos e médios proprietários, cuja renda familiar é reduzida, o que os obriga, para não passar fome, a continuar produzindo sob quaisquer circunstâncias.
Mas esse pesadelo serve como um alerta do dano que os agricultores poderiam causar à humanidade, caso tivessem condições de exercer o direito à greve. Infelizmente para eles, a necessidade de sobreviver e a sua dispersão pelo interior dos países os inibe de unir-se para defender a sua causa.
Além de não poder parar de produzir, esses humildes cidadãos vêem-se obrigados a suportar com resignação as lamúrias dos consumidores urbanos, os quais vivem a reclamar do preço da comida, sem ter a menor idéia de quanto custa produzi-la, seja em valores monetários ou em horas de árduo trabalho.

O preço dos alimentos para o consumidor é, hoje, cerca da metade do que foi nos anos 70, quando se iniciou a grande virada na produção dos campos brasileiros. Desde então, a produtividade agrícola do Brasil cresceu 3,7%/ano, a maior do mundo. Foi graças a esse avanço tecnológico que o agricultor pôde vender mais em conta, reduzindo o custo da comida para os que vivem nas cidades.
Mas a possibilidade de reduzir o preço dos alimentos tem limite. O consumidor precisa saber que, se bem o preço da comida aumentou - particularmente a partir da crise de 2008 - na mesma velocidade também cresceu o custo dos insumos de produção.
Tem agricultor rico? Tem sim senhor. Mas a grande maioria é pobre e sobrevive com dificuldades, muitos deles às custas da exploração dos recursos naturais, que destroem para garantir a continuidade da vida da família.
Não se pode generalizar as críticas que se faz aos produtores rurais, a maioria competindo com extrema dificuldade com os grandes empresários agrícolas, os quais, pela dimensão do seu empreendimento conseguem produzir e vender por menos, visto ser possível viver confortavelmente, ganhando pouco, mas sobre muito.
“Se as cidades forem destruídas e os campos permanecerem ativos, aquelas se reconstruirão. Mas se os campos forem destruídos, aquelas fenecerão” (Abrahan Lincoln).

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