CI

Energia renovável para o futuro


Decio Luiz Gazzoni
Ontem proferi palestra no IV Congresso Brasileiro de Planejamento Energético, um fórum que se dedica a lançar luzes sobre os rumos da oferta e demanda de energia no Brasil. Em algumas áreas o futuro é mais previsível, como geração hidroelétrica ou energias fósseis (petróleo, gás e carvão), por serem tecnologias maduras. Neste segmento, a dúvida é sobre a relação reservas/consumo (que estabelece o preço no mercado) e a reação dos consumidores pelos impactos ambientais adversos. Já as energias renováveis ainda tem longo caminho tecnológico a percorrer. Minha apresentação procurou mostrar a evolução tecnológica de energias renováveis no médio prazo.

Até 2030, a demanda de energia no Brasil cresce 130%, logo é imperioso que sejam estudadas fórmulas para uma oferta correspondente. Embora a geração hidroelétrica (amplamente dominante no Brasil) seja renovável, contra ela pesam 1) o esgotamento das grandes reservas; 2) a distância dos centros de consumo; 3) os impactos ambientais. Por esta razão, alternativas são visualizadas no médio e longo prazo. A cogeração de bioeletricidade em usinas de cana já é um fato. A geração eólica está se tornando realidade, pela queda espetacular nos custos de geração, nos últimos anos. E a energia fotovoltaica começa a entrar no circuito, pela associação entre aumento de eficiência e queda de custos, viabilizadas por aumento de escala e inovações tecnológicas.
No caso dos transportes, assistiremos a uma mudança radical na energia consumida por caminhões, ônibus, carros e trens. Progressivamente, os motores de combustão interna serão substituídos por motores elétricos. Inicialmente com veículos híbridos, posteriormente com veículos elétricos puros. Logo, diminui a demanda de combustíveis líquidos (fósseis ou renováveis) e aumenta a demanda de eletricidade, mudando, também, toda a cadeia de abastecimento.

A única exceção que vislumbro, no longo prazo, refere-se aos aviões: não vejo como, nos próximos 50 anos, mover aviões de grande porte, que não seja por combustíveis líquidos. Que é o nicho para onde deve deslocar-se a produção de biocombustíveis. Sai bioetanol e biodiesel e ingressa a bioquerosene, produzida de cana-de-açúcar e outros vegetais altamente eficientes.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.