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É preciso mudar para vencer


Amélio Dall’Agnol
Estamos no limiar de mais um ano letivo. Milhares de novos universitários se agitam pelos campus de nossas universidades. Felizes e alegres fazem planos para um futuro, que esperam, seja brilhante. Mais alguns anos e serão doutores.

Parabéns jovens e em frente, porque a vida é bela, mas a jornada é longa e na estrada da vida, além de flores encontrarão espinhos.

Há menos de meio século, ter diploma de curso superior era uma quase garantia de sucesso na vida profissional. Eram poucos os que chegavam a esse patamar de conhecimento, o que sancionava o velho ditado: em terra de cego, quem tem um olho é rei.

Mas hoje não é mais assim e o mundo desses jovens será ainda mais diferente: o curso superior será apenas o tiro de partida, não mais a fita de chegada de uma competição profissional.

Darwin, em seu tratado sobre a origem das espécies, concluiu que não é o mais forte quem sobrevive, nem é o mais inteligente, mas aquele que melhor se adaptar às mudanças.

Se bem a conclusão do cientista é verdadeira, as pessoas, via de regra, temem as mudanças, preferindo continuar no conforto do status quo - que conhecem - do que aventurar-se na incerteza de uma nova realidade. Até Maquiavel reconhecia que é muito difícil implementar uma mudança, porque ela tem como inimigos todos aqueles que prosperam sob as condições antigas e como tímidos aliados, aqueles que poderiam beneficiar-se com as novas regras.

Se bem é difícil, mudar é preciso. Adaptar-se às mudanças é uma questão de sobrevivência, embora, na busca pela correta inserção nessa nova sociedade, cometeremos erros. Mas errar é humano. Só não erra aquele que nada faz e que, como contrapartida, será ninguém. Tentar acertar e fracassar não significa muita coisa, desde que a derrota não nos vença, mesmo sabendo que outras derrotas virão.

É utópico pensar numa vida só de sucessos. Vitórias e derrotas se alternarão em nossas vidas e haverá conflito entre o que sonhamos ser e o que realmente seremos. O insucesso faz parte do jogo da vida. Aprende-se mais com as derrotas do que com as vitórias, pois quem queimou a língua uma vez, ensina um ditado popular, não mais se esquecerá de soprar a sopa. Mas há os que não aprendem com o erro e erram duas vezes. Isso já é burrice.

Segundo o filósofo George Santayana, há três tipos de indivíduos na sociedade: os que fazem, os que assistem os outros fazerem e os que nem sabem o que está sendo feito. O sucesso favorece o grupo que faz e que não espera ordens para começar a agir, assim como, não espera ter certeza para tomar decisões. É preferível, eventualmente errar, tomando decisões rápidas, do que acertar depois de uma excessiva demora na análise do problema.

Boas oportunidades de sucesso não são freqüentes na vida de uma pessoa, razão pela qual não se pode vacilar quando uma oportunidade aparecer. Não lembro quem foi, mas alguém disse que há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. Cavalo encilhado ensinam os gaúchos, não passa duas vezes à frente da mesma porta. Vacilou, já era.

O mundo muda igual para todos, mas nem todos reagem igualmente às mudanças, razão pela qual alguns sobem, outros ficam e há, ainda, os que descem na hierarquia social. Quem já não tomou conhecimento de agricultores que, tendo partido de realidades semelhantes tiveram destinos totalmente diferentes. Enquanto uns cresceram, transformando-se em ricos empresários rurais, outros, diante das mesmas oportunidades, faliram e migraram para a periferia da cidade mais próxima, onde hoje compartilham a miséria com outros ex-proprietários rurais. Sendo mão de obra desqualificada para as atividades urbanas, esses cidadãos constituem um problema para as administrações públicas, que não têm como reacomodá-los em funções que desconhecem.

Mudar para não fracassar, eis a questão.

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