CI

E o seguro rural ficou menor


Decio Luiz Gazzoni
O agronegócio brasileiro alimenta população equivalente a três brasis, pois 60% de sua produção é exportada. Por esse motivo, o agronegócio vinha sendo uma exceção na recessão que se abate sobre o Brasil desde 2014, pois o mundo lá fora não está me crise, a renda não está caindo, logo os negócios de exportação prosperam.

Mas, nada fica imune à crise do Governo Federal, mesmo o agronegócio, a galinha dos ovos de ouro, que responde por 35% dos empregos, 23% do PIB e 45% das exportações do país. A primeira má notícia refere-se ao crédito, pois apenas cerca de 30% do financiamento da produção provêm de fontes oficiais, o restante é tomado no mercado livre, depende de recursos próprios ou da troca da produção por insumos, junto a multinacionais. Essas últimas modalidades são altamente desfavoráveis para o agricultor, especialmente se comparado às políticas públicas de suporte fornecidas a seus concorrentes dos EUA ou da Europa.
E tem outra má notícia: Em 2016, haverá um corte drástico (56%) nos recursos do Programa de Subvenção do Prêmio de Seguro Rural, que deveria arcar com parte do prêmio (elevadíssimo!) cobrado do agricultor. Grosso modo significa que, dos 118.000 agricultores participantes do programa em 2014, cerca de 60.000 não serão beneficiados em 2016. Justamente em um ano em que El Niño está aprontando das suas, matando de sede os cultivos do Centro do país, e afogando os localizados no sul!
                Para entender o que isto significa, imagine um pequeno agricultor que precise segurar uma produção no valor de R$50.000,00. O prêmio varia de 13% a 18%, o que dá R$6.500.00 a R$9.000,00. Um absurdo que ele não pode custear, é maior que o seu lucro. Como comparação, pergunto: você seguraria o seu carro compacto, de mesmo valor, se o custo do seguro fosse tão exorbitante?

                A redução da subvenção expõe os agricultores a um risco elevado, fato que não se repete nos países concorrentes do Brasil. Estamos comendo coxa, sobre coxa e peito da galinha dos ovos de ouro. Quem porá os ovos para evitar que o Brasil aprofunde ainda mais a recessão, desempregue mais gente e exporte menos?

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.