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Desenvolvimento sustentável


Amélio Dall’Agnol
Desenvolvimento sustentável é aquele que permite satisfazer as necessidades do mundo presente, sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras. Em termos empresariais, seria o mesmo que viver dos juros, sem consumir o capital. 

Mas desenvolver-se, sem comprometer a capacidade dos recursos naturais, seja de uma propriedade agrícola ou de uma nação, é complexo. Esse processo envolve aspectos de natureza ambiental, econômica e social. Não se restringe, portanto, ao meio ambiente. É muito mais do que isso.

Não pode haver desenvolvimento sustentável, sem que o seja desde uma perspectiva econômica. Produzir soja, por exemplo, sem o uso de defensivos contra pragas, doenças e plantas daninhas poderá ser saudável para o ambiente, mas será desastroso para a produção. Processos ambientalmente sustentáveis, mas que dão prejuízo, não podem ser considerados sustentáveis desde uma perspectiva social e econômica. Não se pode conceber um planeta ambientalmente sadio, num mundo socialmente injusto, concluíram os delegados de mais de 200 países presentes na 2ª Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92). 

Quem muito critica a degradação ambiental são os cidadãos urbanos e suas organizações, que injustamente atribuem a responsabilidade maior à ação dos agricultores, quando a degradação maior ocorre na área urbana, haja vista a qualidade da água dos rios que cruzam as cidades.

É inegável que também há degradação no campo, principalmente nas pequenas e médias propriedades agrícolas, onde o agricultor, no afã de buscar sua sobrevivência na pequena área que possui e ignorando técnicas sustentáveis de produção - porque não tem acesso a elas – inconsciente e progressivamente destrói os recursos naturais que o sustentam, comprometendo, igualmente, o sustento futuro de sua descendência. 

No entanto, ele não parece preocupar-se com isso, visto que pela sua lógica, mais importante do que preservar os recursos naturais que garantirão a sobrevivência das gerações futuras, é garantir a sobrevivência da sua própria geração. De que adiantaria preservar o futuro, se não há presente! Além de preocupar-se com o planeta que ele deixará para os filhos, precisa preocupar-se, também, com os filhos que deixará para o planeta. Acabemos com a fome, não com o homem, avisou Fidel Castro durante a ECO 92. 

O Brasil, por causa das suas imensas reservas de terras agricultáveis e disponíveis para a produção agrícola, é constantemente criticado por organizações internacionais oriundas de países que depredaram seus recursos naturais para desenvolver-se e agora pleiteiam que o Brasil mantenha sua imensa floresta intocada, funcionando como pulmão do planeta e reservatório de biodiversidade, como se já não bastassem as limitações impostas ao uso da terra no Brasil pela sua própria legislação, que, além das restrições impostas pelo novo Código Florestal, preserva mais de 200 milhões de hectares para parques nacionais, terras indígenas ou quilombolas.

Degradação ambiental no Brasil existe, mas não são justas as críticas que recebe de quem não é ou não foi um modelo de preservação ambiental. Escutem Fidel Castro: “as sociedades de consumo são as maiores responsáveis pela atroz destruição do meio ambiente. Elas envenenaram os mares e os rios, contaminaram o ar e debilitaram a camada de ozônio. Não é possível que se culpe dessa destruição os países do Terceiro Mundo, ontem colônias e hoje nações saqueadas e exploradas, produto de uma ordem econômica injusta”.

Se o mundo desenvolvido quer o Brasil como uma imensa reserva ecológica, que recompense o país pela produção agrícola não realizada. Urge que se encontrem modelos de desenvolvimento que propiciem o atendimento à demanda populacional por alimentos, buscando a sustentabilidade dos processos em termos ambientais, econômicos e sociais.

“Temos que dar um basta verde à contaminação consciente dos ricos e à inconsciente dos pobres, respeitando as limitações econômicas da ecologia e as ecológicas da economia” (Joelmir Beting, jornalista brasileiro falecido em 2012).

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