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Um ano diferente do outro


Decio Luiz Gazzoni
Um ano é um ano, outro ano é outro ano! O fluxo de caixa do agricultor tem que ser quinquenal. Um ano será ótimo, um péssimo, dois médios e um depende do humor divino e dos homens. Tomar decisões baseado só neste ano é uma péssima alternativa. Agricultor tem que estar mais para formiga que para cigarra. Nos momentos de fluxo de caixa positivo, é hora de reforçar a poupança para os anos ruins (que fatalmente virão), pagar as dívidas, fazer a manutenção de máquinas, estradas e benfeitorias que estavam aguardando uma oportunidade, melhorar a tecnologia e investir o que sobrar, seja em máquinas, implementos ou terra.

        Seca como esta, que nunca antes aconteceu na História dos EUA, é fato raro. Conjuminada com estoques baixos e demanda alta (lastreada pelos países que buscam um lugar ao sol), configura preços para soja, milho e trigo em tetos recordes. Leio que a consultoria Pro Farmer, que foi a campo ver o rombo com seus próprios técnicos, avalia que a produtividade do milho nos estados que mais sofreram é de 78 sacos/ha, contra 150 sacos/ha de 2011. Em Ohio, um dos big five corn states, a produtividade média caiu 20%, para 116 sacos/ha. Indiana, outro big five, terá a menor colheita desde 1995.
        Dia 24 de agosto, a FAEP e o SRL nos brindaram com a palestra do londrinense Pedro Dejneka, que vive em Chicago há 15 anos, acompanhando a CBOT. Em sua apresentação ele se mostrou otimista quanto às cotações futuras, imaginando que a soja deva operar raspando o limite de US$18/bu e o milho surfará entre US$8 e 9/bu. São preços altíssimos, remuneradores. E que devem se manter pelos próximos 6 meses, a menos que a crise econômica mundial os derrube. Mas, a partir de maio, safra brasileira no porto e americana no chão, a história pode ter outro rumo.

        Aí vem outro cuidado importantíssimo: não tente descobrir o pico de preços para vender sua produção. Com as cotações nas nuvens, é bem provável que este seja o limite, 1% para mais ou para menos Portanto, no mínimo garanta o seu custo de produção. Depois, venda o restante conforme lhe parecer remunerador. Sem esquecer do conselho do primeiro parágrafo: O camionetão turbinado tem que ser o último item da sua lista de aplicação do dinheiro!
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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