Siga o caminho da liquidez na gestão financeira de sua propriedade rural.
Meu caro produtor rural! Você é produtor rural somente até o momento de colher ou aprontar o seu produto, agrícola ou pecuário. Após este momento você deve deixar de ser produtor rural e transformar-se em gestor de negócios...e, em especial, gestor financeiro do seu empreendimento rural. Enfim, tornar-se em empresário rural.
Quero me dirigir à todos os empreendedores rurais e de todos os segmentos agropecuários.
Implantar controles financeiros é mais simples do que se imagina...
Antes de trazermos expressões econométricas (A econometria é a aplicação das leis da matemática aos modelos econômicos), tais como: TIR – Taxa interna de Retorno, VPL: Valor presente Líquido, Break-even – Ponto de Equilíbrio dos Investimentos, expressões que mais assustam e afastam os empreendedores rurais, pela falta de conhecimento da ciência econômica, vamos falar de coisas simples, básicas e óbvias, e que são de fácil compreensão por todos, que precisam ser aplicadas à gestão financeira de sua propriedade rural.
Primeiro passo:
Mantenha um registro simples de entrada e saída de dinheiro. Com isso, você saberá de onde veio o dinheiro e para onde ele está indo. Depois, é possível analisar as saídas de dinheiro, selecionando os recursos destinados à produção (insumos e serviços diretos), e selecionando os recursos destinados à manutenção da estrutura da propriedade, funcionários permanentes, despesas administrativas (custos indiretos - fixos) e por fim os recursos destinados à amortização dos investimentos.
Segundo passo:
Projete as previsões de entradas de dinheiro (vendas de produtos, tomada habitual de custeios, outras receitas não operacionais), projete também as previsões de saídas, como custos fixos, recursos necessários à compra de insumos e serviços diretos à produção (custos variáveis), ainda as saídas com as parcelas dos financiamentos de custeios e investimentos e compromissos com fornecedores, vincendos nos próximos dozes meses. Temos aí o famoso Fluxo de Caixa projetado.
Terceiro passo:
Saiba quanto é a Renda Bruta da sua empresa rural. Se você não sabe quanto você ganha, não sabe quanto que sobra. Elabore o DRE – Demonstrativo de Resultados do Exercício (ano agropecuário ou ciclo produtivo) estruturado, para diagnosticar sua estrutura de custos, ou seja, quanto dos custos são destinados à produção e quanto dos custos são destinados à estrutura fixa da propriedade. Mais ainda, saberá o valor da Margem Bruta e do Lucro Líquido e consequente Lucratividade no período. Mais ainda, se você identificar o valor total investido no seu empreendimento, terás a possibilidade de saber a Rentabilidade. Se você não está conseguindo estruturar esta ferramenta, busque auxílio de um profissional capacitado para tal (Economista, Contador, Adm. Empresas), assim como você busca orientação de Agrônomos, Zootecnistas[R1] e Veterinários, para orientá-los quanto à aquisição de insumos, variedades de sementes, manejos pecuários, etc.
Quarto Passo:
Dimensione e avalie o valor total do seu empreendimento, bem como, dimensione o valor total do endividamento, ou seja, do valor de recursos de terceiros. Se você somar o valor total dos seus bens, (Disponibiidades, Estoques de produtos agrícolas, insumos, animais, Máquinas, Implementos, Equipamentos, Benfeitorias e construções, terras próprias, culturas perenes), e totalizar, terás o valor do “Ativo” do seu Balanço Patrimonial. Por outro lado, se você somar todos os compromissos financeiros assumidos, com Fornecedores (compra de insumos e serviços) Bancos (Custeios e Financ. De Investimentos) e outros compromissos como compra de terras e outros bens, terás o valor do “Passivo Exigível” do seu Balanço Patrimonial. Confrontando o Ativo menos o Passivo Exigível, surgirá a figura do Patrimônio Líquido. Contudo, se você, meu caro gestor de negócios (produtor rural após a colheita e/ou apronte de qualquer produto agropecuário) buscar a orientação de profissionais capazes para elaboração do seu Balanço Patrimonial de acordo com os respectivos grupos patrimoniais, terás condições de obter os indicadores de desempenho econômico do seu empreendimento agropecuário.
Por isso a necessidade de aliar a ciência econômica, (a forma mais simples da ciência econômica) para avaliar e melhorar a gestão financeira da empresa rural, para deixarmos de lado o “paradoxo” existente em relação à Produtividade (em alta) e Lucratividade (em baixa).
As ferramentas mínimas são: Fluxo de Caixa, DRE e Balanço Patrimonial e seus respectivos indicadores e métricas de referência são:
Fluxo de Caixa: Equilíbrio financeiro entre Entradas e Saídas de dinheiro
DRE: Lucratividade igual ou maior que 25%, Custo Fixo igual ou menor que 25% da RB%, Margem Bruta igual ou maior que 50% da RB
Balanço Patrimonial: CCL (Capital Circulante Líquido) número positivo, mas que esteja num patamar igual ou superior ao valor do custo fixo anual; ILC (Indice de Liquidez Corrente), igual ou maior que 1,5, Grau de Imobilização igual ou menor que 80% do AT, Grau de Endividamento mantido até qus os índices de liquidez suportem.
Rogério de Melo Bastos
Economista Corecon/RS 4327