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Serviço ambiental de polinização


Decio Luiz Gazzoni
Se não existissem polinizadores, o custo anual de produção de frutas e hortaliças que necessitam de polinização aumentaria em 150 bilhões de euros, apenas na Europa. Na ausência de polinizadores, muitas plantas não produzem frutos, logo a produção seria nula. No Brasil, o mais conhecido dos polinizadores é a abelha doméstica, mais lembrada pelo mel, cera e própolis do que pelo serviço ambiental.

Mas existem dezenas de outras espécies de polinizadores, aquelas abelhinhas que ficam pousando de flor em flor. Abelhas sem ferrão, como a jataí e a uruçu, são importantes polinizadoras de culturas como berinjela, morango, tomate e café. Uma das principais limitações para utilizá-las para essa finalidade é a dificuldade em produzir colônias em quantidade suficiente para atender à demanda dos agricultores, uma vez que a maioria dessas espécies apresenta baixo número de rainhas.
A fim de aumentar o número de colônias de espécies desse gênero de abelha – que, além de polinizadora, também produz mel, pólen e própolis –, criadores brasileiros têm dividido uma colônia ao meio, para originar outra com uma nova rainha. Entretanto, esta técnica é de baixa eficiência, pois só pode ser usada uma vez por ano.
Uma nova técnica que ajudará a superar essa limitação permite criar rainhas de Mandaguari, uma das abelhas sem ferrão. O pesquisador da Embrapa, Cristiano Menezes, obteve rainhas fornecendo a larvas recém-nascidas da abelha uma quantidade seis vezes maior de alimento do que o inseto está acostumado a ingerir. Dessa forma, todas as abelhas fêmeas superalimentadas se tornaram rainhas.

Importante: 98% das abelhas rainhas produzidas por esse método sobreviveram e foram capazes de pôr ovos e formar colônias. O tamanho delas pode ser igual ao de rainhas silvestres, se receberem quantidades de alimento suficiente, na fase larval.
Os estudos estão sendo complementados por duas etapas. A primeira delas prevê a produção em larga escala de colônias de mandaguari, para polinização de morangos. A segunda, também importante, vai verificar o efeito de agrotóxicos sobre as abelhas. Com os estudos completos, os agricultores que cultivam plantas dependentes de polinizadores terão um novo sistema à disposição.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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