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Recuperação das cotações do café, com destaque para a variedade robusta



Conselho Nac. do Café - CNC
Boletim Conjuntural do Mercado de Café - Novembro de 2013 
Recuperação das cotações do café, com destaque para a variedade robusta, foi a tendência de novembro
Após iniciar o mês passado em um movimento contínuo de quedas, que levou o vencimento março de 2014 do contrato C da Bolsa de Nova York a atingir o menor valor desde dezembro de 2008, a US$ 1,0460 por libra-peso, o mercado futuro do café arábica apresentou tendência de recuperação até o final de novembro. A cobertura de posições vendidas e a redução da projeção da safra brasileira pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês) conferiram suporte ao mercado, mas não o suficiente para romper a barreira de US$ 1,12 por libra-peso. Pesam ainda como pressão baixista o início da colheita na Colômbia e em países da América Central, bem como a expectativa de maiores volumes a serem colhidos nessas nações e a possibilidade de safra cheia, devido ao ciclo bienal da cafeicultura, no Brasil. 
No acumulado do mês, o ganho do vencimento de março do contrato C foi de 230 pontos. A média mensal foi de US$ 1,08 por libra-peso, valor 30% inferior ao do mesmo período do ano passado. Já os estoques certificados de café da Bolsa de Nova York apresentaram redução de 27 mil sacas, encerrando o mês em 2,68 milhões de sacas.

A revisão para cima do USDA das safras 2012/13 e 2013/14 da Colômbia para, respectivamente, 9,95 milhões e 10,9 milhões de sacas de café, reforçou as especulações sobre ampla oferta de arábica, dificultando a sustentação dos preços. A recuperação nos volumes deve-se principalmente à substituição do parque cafeeiro por variedades resistentes à ferrugem, mais produtivas e com maior densidade de plantio e às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da safra, com o término das influências negativas do fenômeno La Niña
Não obstante, deve-se atentar que a recuperação dos volumes projetados pelo USDA ainda não foi suficiente para atingir os níveis produzidos até a safra 2007/08, superiores a 12 milhões de sacas. A continuidade da recuperação das safras colombianas esbarra principalmente no cenário econômico desfavorável, de preços até 50% abaixo dos custos de produção, agravado pela política cambial de manutenção do peso colombiano valorizado ante o dólar.
 
No mercado futuro da variedade robusta, a tendência de recuperação das cotações foi mais acentuada e encontrou suporte para ultrapassar a barreira dos US$ 1.600 por tonelada. O movimento de alta foi iniciado com especulações sobre a possibilidade de danos às lavouras cafeeiras do Vietnã em virtude das fortes chuvas que assolaram o país na primeira quinzena de novembro. Mesmo sem a ocorrência de danos significativos, o movimento de alta encontrou suporte nos seguintes fatores: (i) retração de oferta por parte dos vietnamitas, que já colheram cerca de metade da safra e aguardam melhores preços para a comercialização; (ii) queda acentuada dos estoques certificados da Bolsa de Londres; e (iii) redução do nível de abastecimento dos torrefadores. 
As cotações do contrato 409 com vencimento em janeiro de 2014 apresentaram alta acumulada de US$ 160, encerrando novembro a US$ 1.642/t. Os estoques certificados monitorados pela NYSE Liffe caíram para 766 mil sacas, volume 58% inferior ao existente em novembro de 2012. 
A retração da oferta de café vietnamita pode ser observada no gráfico abaixo, que ilustra as exportações mensais do país asiático nos últimos 17 meses. O volume médio exportado de julho a novembro de 2013 foi 26% inferior ao do mesmo período do ano passado. Com objetivo de forçar uma maior reação do mercado, o Ministério da Agricultura do Vietnã está negociando a concessão de empréstimos a juros subsidiados aos exportadores para formação de um estoque de 300 mil toneladas (5 milhões de sacas de 60 kg) de café, a partir de março de 2014.

No mercado doméstico brasileiro, os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon seguiram a tendência internacional e apresentaram recuperação de, respectivamente, 6,4% e 14,0% no acumulado de novembro. Destaque para o significativo movimento de alta da variedade conilon, que encerrou o mês a R$ 214,54/saca, derivado da maior necessidade de compra por parte de alguns agentes frente à existência de poucos vendedores ativos no mercado. Com isso, houve estreitamento do diferencial de preços entre as variedades, que passou de R$ 54/saca no início do mês para R$ 43/saca no fechamento de novembro. 
A recuperação dos preços no mercado doméstico foi favorecida pela valorização de 4,6% do dólar ante o real, no acumulado de novembro. A cotação média mensal do dólar comercial foi de R$ 2,2995, valor 4,9% superior ao de outubro. O suporte para o fortalecimento do dólar vem principalmente do quadro de melhora da economia dos Estados Unidos, que tem reforçado as expectativas dos investidores quanto à redução, no curto prazo, do programa de compra de ativos pelo Banco Central daquele país. 
Em relação à política cafeeira, em 22 de novembro de 2013 foi publicada a Resolução BACEN No 4.289, que autoriza a renegociação de parcelas de financiamentos rurais de custeio, investimento e comercialização, vinculados a lavouras de café arábica, vencidas e vincendas no período de 1º de julho de 2013 a 30 de junho de 2014. O principal impacto dessa medida será o auxílio no ordenamento da oferta dos cafés do Brasil, pois conferirá, aos produtores e suas cooperativas, maior fôlego para retrair a oferta até que sejam atingidas melhores condições de comercialização.

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