Há 15 dias, em viagem aos EUA, observando as lavouras de soja na sua principal região produtora, aventei uma redução de 5% na safra, em relação à estimativa anterior, devido à seca prolongada e às altas temperaturas. O USDA acaba de liberar sua última avaliação, com redução de 4% na safra americana, cuja nova previsão é de 85,7 milhões de toneladas (Mt). Os estoques finais nos EUA caíram de 5,99 para 4,08 Mt, em virtude da demanda aquecida, refletindo nos estoques globais de passagem que caem de 72,27 para 71,54 Mt.
Como é quase impossível expandir a área cultivada nos EUA, os produtores dependem de maior produtividade para aumentar a colheita. As áreas plantada e colhida nos EUA foram mantidas em 31,24 milhões e 30,92 milhões de hectares, respectivamente. A redução na colheita deve-se à menor produtividade, que caiu de 2.898 para 2.803 kg/ha.
Menor colheita, menos negócios para os americanos: o esmagamento de soja deve ser comprimido de 45,59 para 45,05 Mt entre agosto e setembro, com exportações rebaixadas de 37,69 milhões para 37,29 Mt no período.
E no Brasil? A equação está lá na página 1 do capítulo 1 do manual de Economia: oferta baixa + demanda alta = preços maiores. Se os preços são atrativos, os produtores são incentivados a produzir mais e melhor. A redução na colheita americana abre espaço para aumento da intenção de plantio no Brasil, calibrando a oferta na expectativa de demanda global de 282 Mt. O USDA agora estima a colheita da nossa próxima safra de soja em 88 Mt, e em 53,5 Mt para a Argentina. Se São Pedro ajudar, em 2014 o Brasil será o maior produtor de soja do mundo, com produtividade 10% superior à americana. E com preços remuneradores.
Como vamos transportar tanta soja da lavoura para o porto? Nossa Senhora das Estradas, vai ser encrenca prá mais de metro!
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
