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Pólo de Biocombustíveis


Decio Luiz Gazzoni

Será possível a vida sem Copacabana, Ipanema e Leblon? Ou sem Camboriú, Itapema e Joaquina? A Côte d’ Azur? Possível até será, mas, seguramente, ela será menos agradável. Esta foi uma das reflexões provocadas pelas apresentações dos Ministros Roberto Rodrigues e Dilma Roussef, durante o Seminário de Biocombustíveis, na ESALQ/USP (Piracicaba). A reflexão decorreu da previsão de que, se providências sérias e imediatas não forem tomadas, a temperatura media do mundo crescerá, provocando degelo nos pólos, elevando o nível da água do mar. Não apenas perderemos a praia, como a classe média será obrigada a subir o morro, empurrada pela água do mar.

Efeito estufa

A catástrofe, prevista e com data marcada, é decorrência do aumento da concentração de gases de efeito estufa - GEE (gás carbônico, metano, anidrido sulfuroso) emitidos, principalmente, pelos combustíveis fósseis. Existe um fenômeno natural, chamado Efeito Estufa, que faz com que a temperatura terrestre tenha média anual, global, de 15º. C. Este fenômeno é função da concentração de cada gás que compõe a atmosfera do nosso planeta. Entretanto, no século XX, o mundo modificou, radicalmente, a sua matriz energética, passando a depender de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), que representam 80% da oferta de energia. A queima destes combustíveis desequilibra a composição de gases da atmosfera, fazendo com que seja intensificado o efeito estufa, aumentando a temperatura média da Terra. Em conseqüência, acentuam-se os extremos climáticos, que também se tornam mais intensos, como é o caso de inundações, secas, tempestades, ciclones, nevascas, etc. E que, também, provoca o derretimento do gelo das calotas polares, aumentando o nível dos oceanos em um milímetro ao ano. O preço a pagar será a inundação das áreas costeiras, pois o nível das ãguas aumentará um metro em um século!

Protocolo de Quioto

As lideranças mundiais, tanto políticas quanto científicas, buscam fórmulas para desfazer as previsões dantescas, elaboradas a partir da continuidade do consumo de combustíveis fósseis. O Protocolo, que entrará em vigor a partir do próximo ano, obriga os países industrializados, a reduzirem suas emissões de GEE em 5%, em relação a 1990. Não será uma tarefa fácil, porque exige que os países ricos reduzam sua produção industrial, convertam seus módulos energéticos e diminuam o consumo de combustíveis fósseis. Para viabilizar esta meta, foi criado um mecanismo – denominado mercado de carbono – que permite às empresas do Primeiro Mundo comprar certificados de seqüestro e fixação de carbono, ou de substituição de energia fóssil por energias renováveis, de países que são mais “ecologicamente corretos”.

Biocombustíveis

Aí é que entra o Pólo de Biocombustíveis, uma iniciativa do Ministro Roberto Rodrigues, cuja proposta é gerar tecnologia para aumentar a produção e a produtividade das culturas energéticas, como áreas de reflorestamento, cultivo de cana-de-açúcar e oleaginosas, além do aproveitamento de resíduos e dejetos da atividade agrícola. Também haverá um investimento em tecnologias de processamento e obtenção de energia a partir de fontes renováveis. Além do álcool, que já é uma realidade, pretende-se, pela via tecnológica, viabilizar outros biocombustíveis, como biodiesel, ecodiesel, biogás, carvão vegetal, briquetes e outros produtos derivados da biomassa. O objetivo final é tornar o Brasil o paradigma do uso de biocombustíveis no mundo.

Oportunidades

Ademais do ganho ecológico, vislumbram-se outras oportunidades com o aproveitamento energético da biomassa, como a ampliação do número de empregos, a captação de recursos do mercado de carbono, a geração e distribuição de renda, a substituição de importações e o incremento das exportações. O pólo terá o condão de congregar diversos parceiros para compor o esforço de inovação tecnológica que o Brasil necessita para transformar todas estas oportunidades em realidade. A Embrapa já disse presente e será uma das instituições pioneiras na junção de esforços do Pólo de Biocombustíveis.

O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. Homepage: www.gazzoni.pop.com.br

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