CI

Plantio Direto, a homenagem que falta


Amélio Dall’Agnol
Há diversas versões sobre onde e quando começou a ser utilizado, no Brasil, o sistema de plantio direto na palha (PD). O que parece certo, mas nem todos concordam, é que o Paraná foi pioneiro e promotor na utilização do sistema, com iniciativas exitosas protagonizadas por Rolândia, Mauá da Serra e Ponta Grossa. Também, ninguém contesta que o primeiro agricultor a utilizar a tecnologia em escala comercial foi o senhor Herbert Arnold Bartz de Rolândia-PR, lá pelos idos de 1972.

Inicialmente, a adoção do novo sistema de plantio foi lenta, pois havia muita desinformação sobre a nova técnica de cultivo, principalmente a falta de máquinas apropriadas para o manejo da palhada e o desconhecimento sobre como manejar os herbicidas sob as novas condições de cultivo, além da desconfiança do produtor quanto às vantagens produtivas com o uso da nova técnica. Ele desconfiava até, que estava produzindo menos que no plantio convencional, o que efetivamente acontece durante os 3 ou 4 primeiros anos de utilização do novo sistema.
O PD, não só não aumenta a produtividade dos cultivos durante os primeiros anos de sua utilização, como a reduz, tendo em vista que a palhada que era incorporada ao solo no plantio convencional e que beneficiava as culturas com a liberação dos nutrientes presentes na matéria orgânica incorporada, com o PD essa palhada fica acumulada na superfície do solo e somente após  4 ou 5 anos parte dela é decomposta, fornecendo nutrientes adicionais às culturas estabelecidas sob esse sistema, benefício que é visível após o 5º ano de PD.
Por causa dessas e de outras causas menores, o PD avançou lentamente nos primeiros 20 anos de sua introdução. Na verdade, ele efetivamente deslanchou a partir da década de 90, ao longo da qual passou de 200 mil para mais de 13 milhões de hectares. Para 2014, espera-se que os hectares cultivados sob o sistema de PD na palha ultrapassem os 33 milhões.

O PD, além de reduzir a erosão e o assoreamento de rios, lagos e barragens, foi o principal motor do crescimento do milho safrinha (ou foi o contrário: o milho safrinha foi quem impulsionou o PD?), cujo cultivo responde, hoje, por 9 dos 17 milhões de hectares cultivados com o cereal no Brasil.
E os benefícios do PD para o agronegócio brasileiro não param aqui. Além de beneficiar as lavouras nas regiões tropicais do Brasil, antecipando o seu plantio e permitindo um segundo cultivo no verão, também beneficiou as culturas de primavera/verão nas regiões mais temperadas do sul do Brasil, antecipando o seu plantio após a colheita dos cereais de inverno, notadamente o trigo. Essa antecipação na data de semeadura da soja e do milho no Sul significou importantes aumentos na produtividade de ambas as culturas, porque, ademais, o PD permite melhor aproveitamento da água, dando maior estabilidade à produção.
Monumentos são erguidos para heróis nacionais. O PD não é herói porque não é gente. Mesmo assim, ele mereceria monumentos nas principais praças de muitas cidades brasileiras, dados os enormes benefícios que ele trouxe a elas.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.