CI

Plantas transgênicas


Decio Luiz Gazzoni
        Há apenas 10 anos, a soja transgênica era chamada de Maradona, um contraponto do craque argentino ao nosso Pelé. Proibida de ser cultivada legalmente no país pelo patrulhamento de ONGs financiadas por empresas do Primeiro Mundo, que viam (e ainda vêem, e estão certas!) no Brasil o seu grande competidor, a soja transgênica entrou pela mão de agricultores gaúchos, que foram buscá-la na Argentina. A motivação: a redução de custos do cultivo de soja transgênica na Argentina, quando comparada ao que ocorria no Brasil. Os poucos e raros compradores que pagavam (e ainda pagam) um prêmio por soja convencional não entusiasmavam os produtores, porque o premio não cobria a diferença de custos de produção.

        Foi necessário ter como Ministro da Agricultura um Engenheiro Agrônomo, com a sensibilidade que só um profissional que vive o quotidiano da agricultura e do agricultor tem, para mudar a situação. Roberto Rodrigues costurou, pacientemente, a elaboração da primeira Lei de Biossegurança no Brasil, sendo execrado por ONGs e ambientalistas avulsos. A Lei 11.105/2005 não resolveu apenas o problema da agricultura, mas traçou diretrizes para temas polêmicos como clonagem, células troncos e a produção de medicamentos por microrganismos transgênicos. Lembrando sempre que as pessoas diabéticas somente conseguem levar uma vida com dignidade porque, desde a década de 1970, a insulina é produzida por bactérias transgênicas. Em tempo: nestes 40 anos nunca ouvi uma única voz se levantar contra a insulina transgênica, Graças a Deus!
        Passados sete anos, o Brasil avançou muito na área. Já há três anos é o país com a segunda maior área de transgênicos do mundo, onde 15,4 milhões de agricultores usam sementes transgênicas. No Brasil, em 2012, estima-se em 21,4 milhões de hectares de soja (85%), 9,9 milhões de hectares de milho (67%) e 0,50 milhão de hectares de algodão (32%) a área de transgênicos. O presente mostrou que Pelé (as sementes produzidas no Brasil) são melhores que Maradona – como no futebol. E as sementes ´Neymar´, que logo chegarão aos agricultores – como as plantas tolerantes à seca - serão ainda melhores que Pelé! Graças a outros agrônomos, colegas de Roberto.

 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.