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Pesquisa Agropecuária em Rondônia. II. Diretrizes


Newton de Lucena Costa

O processo de desenvolvimento social e econômico ocorre através da sinergia que se estabelece a partir da conjunção de mudanças tecnológicas e mudanças político-institucionais. Sem novas tecnologias, a superação de limitações materiais e psicossociais s tornam tão difíceis, quando não impossíveis, gerando frustração; sem vontade e mecanismos políticos, as tecnologias não são apropriadas pelos potenciais beneficiários e não cumprem o seu objetivo, a sua razão de ser. Historicamente, a contribuição das instituições de Ciência e Tecnologia, por meio de ações de Pesquisa e Desenvolvimento, tem se tornado essencial para determinar a direção e o ritmo do desenvolvimento social e econômico de qualquer região, estado ou do País, seja porque resolvem problemas da base tecnológica já instalada, seja porque cria novos conhecimentos e tecnologias que rompem e reestruturam essa base tecnológica e a partir dos quais novas formas de desenvolvimento e novos negócios se tornam possíveis. Logo, o processo de desenvolvimento coloca diante das organizações de ciência e tecnologia não só demandas de natureza tecnológica, mas também demandas políticas, econômicas e administrativas, imediatas e futuras. A ação de pesquisa e desenvolvimento se encarrega de criar ou adaptar produtos e processos bem acabados para dar respostas aos problemas tecnológicos do desenvolvimento sócio-econômico. A interação com os diversos segmentos componentes do setor primário estadual permitiu o estabelecimento de uma visão bastante aproximada da configuração do ambiente externo, levando à definição de estratégias conjuntas para a execução das diretrizes formuladas pelas instituições federais, estaduais, municipais, as quais demandam resultados de ações de pesquisa e desenvolvimento. Os diversos segmentos da sociedade estadual estão convictos da importância da Embrapa Rondônia, a quem debitam o mérito pelos resultados obtidos até o momento, os quais forneceram o respaldo necessário para o estabelecimento de práticas e processos que viabilizam o desenvolvimento sustentável do Estado. A definição das prioridades de atividades e estratégias de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Rondônia estão aderentes, articuladas e consistentes com as prioridades dos governos federal, estadual e municipais, em relação à política de desenvolvimento sustentável para o Estado. Nelas estão inseridas os aspectos econômicos, sócio-culturais, ambientais e político-institucionais da esfera federal, além das necessidades e demandas do Estado e dos municípios. As necessidades dos mercados locais consumidores de alimentos e produtos agrícolas, agropecuários, florestais e agroflorestais, além das demandas tecnológicas serão atendidas de forma articulada e consistente, através de parcerias com instituições e órgãos estaduais e municipais, vinculados ao setor primário. Ademais, as ações de pesquisa serão priorizadas e executadas de acordo com a capacidade institucional estabelecida na Embrapa Rondônia. A seguir são apresentadas as demandas de pesquisa identificadas quando da elaboração do II Plano Diretor da Embrapa Rondônia:

1. CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS - estudo e monitoramento de impactos ambientais, inventário dos recursos naturais; desenvolvimento e/ou adaptação de sistemas de manejo e conservação de solos; desenvolvimento e/ou adaptação de sistemas de produção direcionados à recuperação da produtividade em áreas degradadas ou em processo de degradação;

2. AGRICULTURA FAMILIAR - desenvolvimento e adaptação de tecnologias para a elevação dos padrões sócio-econômicos da agricultura familiar e de baixa renda; maior competitividade das cadeias produtivas dos produtos regionais, com ênfase na qualidade e diversificação dos sistemas de produção; controle integrado de pragas, doenças e plantas invasoras em culturas anuais e perenes; definição de sistemas de produção sustentáveis para atender às necessidades do estado por grãos, hortaliças, frutas, raízes e tubérculos;

3. SISTEMAS AGROFLORESTAIS - desenvolvimento de sistemas agroflorestais e silvipastoris adequados às condições ambientais regionais; avaliação da sustentabilidade técnico-econômica;

4. PRODUÇÃO VEGETAL - introdução, caracterização, avaliação e conservação de germoplasma de espécies vegetais, nativas e exóticas, potencialmente aptas a serem incorporadas aos diferentes sistemas de produção; redução de impactos ambientais causados pelos sistemas produtivos; desenvolvimento de cultivares de plantas anuais e perenes que permitam o estabelecimento de sistemas produtivos mais eficientes;

5. PRODUÇÃO ANIMAL - geração e/ou adaptação de tecnologias para a produção de pequenos e médios animais; desenvolvimento de tecnologias para a formação, manejo e recuperação de pastagens cultivadas; caracterização do potencial e limitações das pastagens cultivadas para a produção animal; alternativas para a intensificação dos sistemas de produção animal; identificação e controle de enfermidades infecto-contagiosas, nutricionais e metabólicas; desenvolvimento de métodos para incorporação de valor agregado aos produtos de origem animal;

6. SÓCIO-ECONOMIA - estudos sócio-econômicos para identificar oportunidades, estabelecer prioridades de pesquisa, otimizar a alocação de recursos e definir estratégias para a implementação de políticas para o setor agropecuário estadual; apoio técnico aos processos de organização dos produtores; análise econômica de protótipos de sistemas agroflorestais; estudo das cadeias produtivas dos principais produtos regionais;

7. TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS, SERVIÇOS E PRODUTOS – agilização e melhoria da eficiência e eficácia dos mecanismos de transferência de tecnologias, serviços e produtos; produção de sementes certificadas e mudas de essências frutíferas e florestais de alto padrão genético.

Newton de Lucena Costa – Chefe Geral Embrapa Amapá

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