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Pátria Educadora?


Decio Luiz Gazzoni
Na semana passada, universidades de todo país repudiaram o corte de 75% no Programa de Apoio à Pós-Graduação da Capes, órgão do Ministério da Educação que financia cursos de mestrado e doutorado. Conforme as instituições, a restrição compromete o desenvolvimento de pesquisas no Brasil. Algumas universidades paralisaram os cursos de pós-graduação.

O desenvolvimento das nações está estreitamente associado à sua capacidade de inovar. Sem domínio de tecnologia de ponta, na fronteira da Ciência, um país será caudatário daqueles que a detenham.
Um exemplo didático: há 60 anos, antes da guerra que dividiu o pais, a Coreia do Sul, apresentava índices de desenvolvimento inferiores à Coreia do Norte. E ambas situavam-se abaixo do Brasil. Em 1963, sua renda per capita era de US$100 (Brasil=US$2.675). Hoje a Coreia do Sul ostenta renda per capita de US$ 35.000 (BR=US$12.000); 3,9 crianças mortas/1.000 nascimentos (BR=19); expectativa de vida = 80 anos (BR=73; tempo médio de escolaridade = 17 anos (BR=10); Índice de Gini de 0,31 (BR=0,51); IDH de 0,89 (BR=0,74).
A diferença entre nosso país e a Coreia do Sul é que, lá, os governos investiram – e continuam investindo - intensivamente em educação e em desenvolvimento tecnológico. A “cota” nas escolas (incluindo universidades) é para crianças “super dotadas”, com potencial de tornarem-se profissionais brilhantes, que façam a diferença. Resultado: a Coreia do Sul é a sede da Hyundai, Daewoo, Kia, LG, Samsung, entre outras marcas globais líderes de mercado, sinônimos de qualidade, competitividade e eficiência. No Brasil tem a Petrobrás. Desculpe, tínhamos!

O grande negócio do Brasil é o agronegócio. Mas, se deitarmos eternamente em berço esplêndido – os louros de hoje – acordaremos do pesadelo em pouco tempo, superados por concorrentes mais eficientes. Não há alternativa ao investimento maciço em inovação tecnológica, para garantirmos a competitividade e os mercados – que se transformam em renda, em desenvolvimento e qualidade de vida para nosso povo.
Nossa esperança era termos uma Pátria Educadora. Depois dos cortes no Ministério da Educação, logo, no investimento tecnológico, a esperança se esvai. Uma vez mais, adiamos a chegada do futuro.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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