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O agronegócio sustenta o país


Decio Luiz Gazzoni
Uma vez mais o crescimento do PIB brasileiro, de apenas 0,6%, revelou-se um fiasco. Mesmo sendo o terceiro trimestre do ano, um período neutro para o agronegócio (não há colheitas expressivas), novamente a agropecuária obteve o melhor desempenho entre todos os segmentos da economia brasileira. Nesse período, a agropecuária cresceu 2,5%, seguida da indústria com 1,1%. O setor de serviços ficou estagnado. Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, a agropecuária cresceu 3,6%. 
Apesar do período julho-setembro constituir-se em um momento pouco dinâmico na agricultura, a colheita do café e do milho de segunda safra, que este ano estava mais atrasada, contribuiu para o desempenho do setor. A safra do café estava no ano bom, de alta produção, e o milho surpreendeu, pois houve aumento da área e da produtividade em relação ao ano passado. As produções de café e milho cresceram, respectivamente, 14,5% e 27,1%, sobre o ano anterior. 
Existe demanda forte do mercado internacional, reprimida pelas frustrações de safra, como a norteamericana. Apesar da continuação da crise econômica, restrita à União Europeia, países com elevadas taxas de crescimento, como China e Índia sustentarão o crescimento da safra de verão brasileira, cujo plantio já está se encerrando. Segundo a Conab, a próxima safra de grãos pode atingir 182 milhões de toneladas, 5% acima da atual. A previsão, neste momento, é que o Brasil venha a ser, nesta safra, o maior produtor mundial de soja. Outro segmento que pode crescer muito é o de carnes, com incremento nos embarques para o Japão e a Rússia, a qual tornou a abrir seu mercado para o Brasil.
Mas, nem tudo são flores. Em algum momento, no curto prazo, teremos um apagão logístico. Enquanto o agronegócio tem mostrado uma dinâmica entusiasmante, dobrando a colheita nos últimos dez anos, a infraestrutura de armazenagem e transporte de safra continua quase a mesma, apesar de todos os alertas, clamores e reclamos. Ironicamente, é o Brasil quem pisa no tubo que oxigenaria o seu desenvolvimento, razão principal do baixo crescimento do PIB. A falta de investimentos setoriais pode ser fatal, arrastando o agronegócio para a mesma vala de estagnação dos demais setores da economia. 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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