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O Agricultor na Era da Globalização


Amélio Dall’Agnol

Ontem, 28 de julho, deveria ter sido uma data festiva para os nossos produtores rurais. O calendário indica que nessa data comemorou-se o DIA DO AGRICULTOR. No entanto, não parece haver clima para comemorações. O cenário não está favorável para os produtores rurais em geral e pior para aqueles que ainda não se deram conta da existência de uma tal de globalização, que, dizem, engole inteiros os mais fracos. E não adianta rejeitá-la, é melhor aceitá-la e combatê-la com mais produtividade, que virou sinônimo de competitividade. Produtividade se consegue com tecnologia, que é, por sua vez, produto do conhecimento – a nova e maior riqueza de nações, empresas e indivíduos.

Ser competitivo é a palavra de ordem no atual cenário de economias abertas e mercados integrados e internacionalizados. Nesse contexto, vence aquele produtor que conseguir oferecer o produto com a melhor combinação de preço e qualidade, não importando a sua origem. O consumidor moderno, participando de uma geração integracionista e defensor de um novo conceito de nacionalidade, já não aceita pagar mais por produtos de pior qualidade, só por serem nacionais.

Seria desnecessário afirmar que o negócio agrícola não está mais para aventureiros; “produtores” que incursionam na agricultura como curiosos ou especuladores de uma atividade que desconhecem e que a ela tampouco se querem dedicar, mas que tiveram relativo êxito nas décadas de 1960 e 1970, por força dos subsídios e do protecionismo estatais, práticas definitivamente abandonadas pelo poder público brasileiro, porque também favoreceram a incompetência e a ineficiência, além de incrementar o déficit do Estado. Hoje, quem comanda a economia é o mercado, uma organização absolutamente insensível ao fracasso desse tipo de agricultor.

A acirrada competição interna e externa dos produtos agrícolas exige que o produtor rural moderno seja um profissional da agricultura, um trabalhador dedicado ao ofício e permanentemente atualizado em novas tecnologias, pronto para incorporá-las a seu processo produtivo, modernizando o seu negócio para competir com sucesso. É a lei do mercado: competir ou desaparecer. Muitos desapareceram e hoje engrossam os cinturões de pobreza de nossas cidades. Para os que ficaram no campo e buscam o êxito, a tecnologia é a principal fonte de competitividade. A maior riqueza de um produtor rural moderno não é o tamanho da sua propriedade, mas o domínio tecnológico que ele possui, o que o habilita a reduzir os gastos pelo lado da produção - via utilização de mais insumos intelectuais e menos insumos materiais- e pelo lado da comercialização, o apoia dando-lhe condições para pleitear melhores preços de mercado, entregando produtos com qualidade e valor agregado, se não ao consumidor final, ao intermediário mais próximo deste último.

Para manter-se no mercado, reforçamos a idéia de que o agricultor moderno precisa adquirir noções básicas de administração rural, evitar ociosidades na infra-estrutura do empreendimento agrícola e eliminar perdas na colheita e pós-colheita. Com relação ao tamanho da propriedade, poderá ser conveniente ao pequeno e médio produtor rural, diminuir a sua dependência a sistemas tradicionais de produção, buscando atividades agrícolas com maior valor agregado aos produtos comercializáveis, em razão do uso mais intensivo de mão de obra, “mercadoria” normalmente abundante nas propriedades familiares, onde a terra é o fator de maior escassez. Para que essa transformação aconteça, esses produtores precisam da ajuda oficial: do Município, do Estado e do Governo Federal. Sozinhos, dificilmente conseguirão superar essa fase difícil, na busca de maior capacidade competitiva.

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