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Mestrado alternativo


Decio Luiz Gazzoni
Os desafios profissionais dos Engenheiros Agrônomos estão ficando cada vez mais complexos, conforme as inovações tecnológicas chegam ao campo em escala exponencial, e se multiplicam as exigências da sociedade. Se o profissional de Agronomia decide ser pesquisador, igual a mim, a pós graduação clássica lhe confere as habilidades necessárias. Entrementes, o mesmo não ocorre com os colegas que decidem atuar na assistência técnica. O aprendizado durante a graduação mostra-se insuficiente para conferir ao profissional conhecimento e experiência para enfrentar o dia a dia de bem atender os agricultores.

Pensando nisso, há quase uma década persisto na luta quixotesca para implantar um curso de especialização de profissionais de assistência técnica, dissociado dos moldes clássicos dos cursos de mestrado e doutorado. Minha proposta é um programa de pós-graduação conjunto entre MAPA/MEC/MCT. Os profissionais recém egressos da Universidade ainda manteriam um vínculo de orientação e supervisão da Universidade, porém trabalhariam por até dois anos vinculados a uma organização de assistência técnica (Emater, Cooperativa, Secretaria de Agricultura, Consultorias), sob a supervisão de um de seus profissionais sêniores. Essa instituição lhe ofereceria as condições básicas de trabalho. O programa pagaria ao profissional uma bolsa de estudos equivalente ao curso regular de Mestrado. Após dois anos, o profissional em treinamento defenderá, perante uma banca de especialistas, uma monografia sobre um caso de transferência de tecnologia, em que tenha atuado.
As vantagens são múltiplas, é um processo de ganha-ganha. Para o profissional significa dois anos de aprendizado monitorado, acumulando experiência e conhecimentos, conferindo-lhe segurança e abrindo novas oportunidades. Para o agricultor, a certeza de receber orientações de um profissional mais bem preparado. Para as instituições de ATER, a oportunidade de aumentar sua força de trabalho com menor custo, e selecionar novos profissionais observando seu desempenho. Para as universidades, uma nova oportunidade de atuação. Para os governos, aumento da arrecadação tributária. E para o país, avanços no desenvolvimento sustentável do agronegócio.

 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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