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Menos etanol, mais caros


Decio Luiz Gazzoni
Leitores perguntam se o megacongestionamento do final de semana, em que a fila de carros começava no litoral e acabava na porta da casa dos cidadãos, em São Paulo, tem a ver com o baixo preço da gasolina, mote da última coluna.
Sem dúvida, tem. E no Natal/Ano Novo vai ser muito pior! O Governo incentivou a compra de automóveis, diminuindo impostos e ampliando o crédito e os prazos de financiamento. Nunca antes na História do Brasil tantos carros foram vendidos! Para não virarem mico em garagens, o preço da gasolina foi represado. Mas, a conta é amarga e está chegando.

Engarrafamentos deixaram de ser coisa de paulistano, agora é de londrinense também. Estima-se que, a cada mês, uns 700 carros sejam licenciados em Londrina. Em um ano, uns 8.000, nos últimos 5 anos, mais de 40.000. Se cada carro ocupar 5 m de espaço para estacionar nas ruas, 200 km de meio-fio deveriam ter sido criados. E não foram! A conta foi transferida para as Prefeituras, já sobrecarregadas de demandas. Sem novas vias e sem vagas, haja confusão no trânsito.
Se o eleitor comprar o carro e não puder abastecer, o Governo fica mal na foto. Então, comprima-se o preço do combustível. Corrigindo-se o preço do litro da gasolina na bomba, em 2002, pela inflação do período, hoje ela valeria R$4,20 e não R$2,90. Tem mais: em 2002 o barril de petróleo valia US$25,00 – agora está 300% mais caro! Conclusão: quanto mais gasolina a Petrobras vende, maior seu prejuízo, porque o preço de venda não cobre o custo de importação ou de extração e refino do petróleo. Por isto suas ações valem hoje menos de 20% do que há 4 anos, e sua dívida já beira o valor do patrimônio.

Como importamos mais gasolina e petróleo, o saldo da balança comercial deste ano vai fechar próximo de zero. Não fossem os US$90 bilhões de saldo do agronegócio, e o Brasil quebraria, como quebraram 41 usinas de etanol, que não aguentaram a competição desleal. Mais de 45.000 empregos evaporaram, 60 bilhões de litros de etanol deixaram de ser fabricados.
Por usar mais gasolina e menos etanol, nos últimos 4 anos despejamos 66 milhões de toneladas de poluentes no ar, que poderiam ter sido evitadas. Poluição e doenças respiratórias são parte da conta a pagar.
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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