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Melhorando a fotossíntese


Decio Luiz Gazzoni
A maravilha das maravilhas, a base da vida, pasmem os (as) leitores(as), é ineficiente! Há milhões de anos, plantas, algas e algumas bactérias usam a fotossíntese para transformar a luz em energia química, do que depende a vida na Terra. Mas, os organismos mais eficientes não aproveitam mais que 3% da energia que chega até eles – são as plantas C4, como o milho. Na reunião da AAAS (Sociedade Americana para o Progresso da Ciência), em Vancouver, no Canadá, cientistas apresentaram estudos que pretendem tornar a fotossíntese mais eficiente.

Na natureza, a fotossíntese acaba saturada após algum tempo de exposição à luz e o processo fica lento e ineficiente. Ou seja, os organismos têm uma ampla oferta de luz, mas não dispõem de capacidade para transformar todo esse recurso em substâncias orgânicas. Se as plantas transformassem em biomassa 5% da energia que chega às suas folhas, seria possível duplicar a produção de alimentos e de combustíveis renováveis, na mesma área cultivada, e com menor custo!
Aí é que entra o gênio humano e a tecnologia. Para aproveitar melhor a energia solar, os cientistas propõem separar as duas etapas do processo: a captação de energia da sua fixação em reservas da planta. Cada uma seria feita em uma estrutura. As duas seriam ligadas por um “fio biológico”, que transmitiria a energia gerada com alta eficiência. Esses nanocabos podem ser produzidos por bactérias, como a
Shewanella oneidensis, cultivadas em condições especiais. Os nanofios apresentam altas taxas de condutividade elétrica, comportando-se como os condutores de metal. Essa é a essência do estudo da Dra. Anna Jones, pesquisadora da Universidade do Estado do Arizona.
Do outro lado do Atlântico, o Dr. Richard Cogdell, da Universidade de Glasgow, também aposta nos nanofios para otimizar a fotossíntese. Ele criou um sistema biológico que chamou de “folha artificial”, aproveitando as formas mais eficientes de armazenamento da energia em substâncias orgânicas, otimizando as reações químicas.
Cientistas como estes estão desmentindo Malthus, mostrando que é possível alimentar e abastecer o mundo, de forma sustentável, por longo tempo, se aprimorarmos um pouquinho a fantástica obra divina.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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