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Impacto de agrotóxicos em abelhas


Decio Luiz Gazzoni
Na semana passada participei do Corn Beltwide Congress, realizado em New Orleans, EUA. Atualmente, apesar de os eventos manterem o nome, parecendo que aborda exclusivamente de uma cultura, a temática é mais ampla. Lá, como cá, os problemas do algodão são em tudo similares ao que ocorre com soja, milho, feijão ou outros grãos de verão, safra ou safrinha. Meu interesse maior era capturar o estado da arte, tanto científico quanto legal, do impacto de inseticidas neonicotinoides em insetos polinizadores, especialmente abelhas. Há quase 20 anos que a população de abelhas, nos países do Hemisfério Norte, está diminuindo consistentemente, ano após ano. Diversas causas foram aventadas, sendo uma delas o efeito de inseticidas neonicotinoides (derivados da molécula de nicotina, a mesma que acaba com os pulmões dos fumantes), que estaria matando as abelhas após ser colocado nas lavouras.

Os americanos são muito pragmáticos, mesmo os oficiais de Governo da Agência de Proteção Ambiental (EPA), e pesam os prós e os contras do uso de inseticidas para decidir se aplicam ou não restrições ao seu uso. E, até agora, não há razões suficientes para afirmar, além da dúvida razoável, que os inseticidas prejudicam abelhas a ponto de ofuscar a proteção das culturas contra pragas.
Alguns estudos científicos apresentados no Congresso mostraram que a deriva, ou seja, a parte do inseticida que é arrastada para fora da lavoura, especialmente em áreas de vegetação nativa, não é suficiente para causar mortalidade de abelhas. Outros estudos mostraram que, apesar de alguns inseticidas deixarem resíduos no solo após o plantio de sementes tratadas com eles, oo inseticida é muito pouco transferido das sementes para o pólen ou néctar, a ponto de afetar as abelhas. Isto que o método de detecção da análise química é tão sensível, que denuncia a presença de 0,5 parte por bilhão (0,5 ppb). Isto significa-que, se for lançada uma única gota do inseticida em uma piscina medindo 20m x 5m x 2m (200 m3), a análise mostrará a sua presença!

Voltei mais tranquilo com as informações. Mas, ainda cheio de dúvidas: afinal, o que está fazendo as abelhas desaparecerem? Ninguém ainda tem a resposta final.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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