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Fios mais resistents


Decio Luiz Gazzoni
O Brasil tem uma das biodiversidades mais ricas do planeta. O desafio é como bem utilizar esta biodiversidade em benefício da Humanidade. Com este foco, pesquisadores brasileiros (Embrapa) e norte-americanos conseguiram isolar, em parceria, os genes da glândula que secreta o fio de seda da teia de três espécies de aranhas brasileiras, e inseri-los em bactérias. Em testes de laboratório, estas bactérias transgênicas produziram as mesmas proteínas que as aranhas utilizam para tecer a sua teia. Os genes da glândula que secreta os fios de seda da teia foram inseridos em bactérias, que passaram a produzir as proteínas que formam a teia. Sonho da indústria por ser um material ao mesmo tempo flexível e muito resistente, a criação de uma teia de aranha sintética está mais perto de virar realidade.

O material mais resistente e flexível que se conhece é o polímero kevlar, usado em coletes à prova de balas. A teia de aranha tem qualidade superior à do kevlar e ainda é biodegradável, o que possibilita seu uso, por exemplo, na medicina, para a criação de fios para suturas cujos pontos não precisam ser retirados. O desafio agora é desenvolver um método para a produção em grande escala. O problema brasileiro é o mesmo que os americanos enfrentaram: Como fazer as aranhas produzirem fios em larga escala? Na terra do Tio Sam, os cientistas criaram os bichos-da-seda transgênicos, com genes de aranhas, para produzir as teias de aço. Aqui, a Embrapa optou por desenvolver bactérias transgênicas, com os genes que comandam a produção da teia, levando as bactérias a produzirem as proteínas do fio. São estes genes que conferem as características de leveza, flexibilidade e resistência.
Conhecendo as proteínas que formam a teia, os pesquisadores podem manipular o material. O fio é composto por proteínas modulares, formadas por combinações de três aminoácidos: glicina, prolina e alanina. Controlando esses módulos, obtém-se fibras com diferentes características. É a era da engenharia proteômica.

Mas a produção massiva de bactérias é cara e a Embrapa busca reduzir custos colocando o módulo de produção de fios em plantas, como a soja ou, quem sabe, o algodão, que já é uma planta produtora de fibras.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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