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E o Mundo não Acabou (ainda)


Rutinaldo Miranda Batista Júnior
Não se faz mais Apocalipses como antigamente. Alardearam que a Humanidade iria pras cucuias agora, em 2012. Enfim, seria mesmo o nosso fim. O adeus desse mundinho de Deus. O “grand finale”. Ou “the end”, já que preferimos tanto o inglês. Mas saibam desta última. O mundo não vai acabar mais. E eu me pergunto. Pode uma coisa dessas?! Isso me deixou tão deprimido. Tão revoltado. Tão jururu. Tão... como que eu digo!... tão... tão... argh! Não, isso não pode estar acontecendo! Não dá pra acreditar nesse absurdo. O mundo não vai acabar mais. E eu que já tinha me programado tanto. Me preparado psicologicamente pra ir pro além. Gastado uma grana, com uma médium pra me ensinar o caminho do “andar de cima”. Ao invés de descer lá pro “subsolo”, onde cheira a enxofre. Agora o que é que eu faço? Foi um dinheirão perdido. Será que dá pra reclamar no Procon?


Sim, eu gostaria de fazer uma queixa. Porque me deram garantias de que realmente tudo isso aqui deixaria de existir. Falaram desse tal de Calendário Maia. Dos seus complexos e confiáveis cálculos matemático-astronômicos. Todos feitos há bastante tempo. Pra falar a verdade, há alguns milhares de anos. E diretamente escrito na pedra. Com toda responsabilidade ambiental necessária. Sem usar uma folha de papel sequer, pra não derrubar árvore nenhuma. Ou seja, uma coisa dessas, ecologicamente correta, e 100% natureba, tinha que funcionar. Tinha ou não tinha? Claro que tinha. Assim, acabei acreditando de coração. Me apavorei e roí todas as unhas, até ficar no toco. Mas no último instante, eis que veio a mais completa decepção.  Tudo não passou de calote. Um calote apocalíptico. O serviço de destruição em massa não vai ser mais feito. Esse nosso mundo não vai mais acabar. Nossos cientistas e seus moderníssimos computares erraram na interpretação dos cálculos que os maias fizeram numa simples pedra. E agora avisaram que o Apocalipse vai acontecer só daqui a mil anos. Quem quiser pode continuar esperando.
 
Mas é bom fazer um pequeno esclarecimento. Não fiquei triste pelo fato da Terra seguir dando as suas voltinhas. Até porque, considero um pequeno detalhe nessa história toda. Eu também moro nela. Contudo, se nem no fim do mundo a gente pode acreditar mais, vamos acreditar no quê? Pelo menos, no fim do mundo eu botava a maior fé. Pensava com os meus botões. Aí está algo que não parece promessa de político. Um evento grandioso. De magnitude planetária. Totalmente gratuito. Sem ninguém vendendo ingresso. E democrático também. Desde o mendigo da esquina até a Rainha da Inglaterra, ninguém vai ficar de fora. Todos estariam convidados. Sem distinção de sexo, raça ou religião. É, mas fazer o quê! Esse anúncio do Apocalipse Maia fracassou realmente. Agora resta o Apocalipse Cristão. Mas já avisaram que esse ninguém (a não ser o Pai) sabe quando vai chegar. Pode ser daqui a mil anos ou até daqui a um segundo. E sinceramente espero que não tenha chegado antes de terminar de ler esse texto. Pra te lembrar de viver a vida o melhor que puder.

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