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Drones na agricultura


Decio Luiz Gazzoni
Você sabe o que é drone? E VANT? Fácil: Veículo Aéreo Não Tripulado, ou drone. Há 25 anos, em viagem ao Japão, observei um agricultor sentado na varanda pulverizando inseticida no arroz do quintal de sua casa, comandando um helicóptero com barra de pulverização. Mais que um brinquedo, achei que o que eu estava vendo era, na realidade, uma fresta da janela para o futuro. Costumo afirmar que é possível atrasar a chegada do futuro, nunca impedi-la. O futuro está chegando e o uso de drones se espalha pelo mundo em velocidade exponencial, apesar de a Agência Americana de Aviação haver proibido o uso de drones em território norteamericano. Ela conseguirá atrasar o futuro por uns 5 anos, não mais, vez que a onda mundial é avassaladora.

Geotecnologia é uma das ciências do futuro, e uma das linhas estratégicas nas quais a Embrapa vai investir pesadamente. Prevemos um grande potencial para o uso dos drones na agricultura. O primeiro e óbvio uso é na topografia. Mas as imagens fotográficas obtidas por drones, e transmitidas em tempo real, permitem inspecionar lavouras e áreas vizinhas a baixo custo e alta precisão. Lá no Japão, onde o vi pela primeira vez, a Yamaha vende drones para agricultores há 20 anos, e calcula que cerca de 2.400 dos seus helicópteros não tripulados pulverizam pesticidas e fertilizantes em 40% das lavouras de arroz do país. Centenas de drones estão sendo usados no plantio de trigo, soja e pinheiros na Coreia do Sul e na remoção de ervas daninhas na Austrália.
Já a fabricante de drones 3D Robotics, de San Diego (EUA), antevê que estes equipamentos serão mais úteis para os agricultores na coleta de dados da safra, incluindo qualidade do solo e uso da água. E eu antevejo uma revolução que imagino desde a década de 1990: drones para efetuar monitoramento de lavouras, obtendo informações para manejo integrado de pragas. Com seu baixo custo, pode ser utilizado por agricultores individuais, ou congregados em cooperativas ou consórcios. Sob a supervisão de um agrônomo, será possível monitorar milhares de hectares por dia, com um único drone, racionalizando o controle de pragas. Ganha o agricultor, o consumidor e a Natureza, penhorada, agradece.

O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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