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Complexo de inferioridade?


Amélio Dall’Agnol
Criticar o Brasil é um esporte nacional dos brasileiros. Parece contraditório, mas embora adorando o país, muitos patrícios não perdem uma oportunidade para criticá-lo. Eventualmente, alguns deixam o Brasil para ganhar dinheiro lá fora, mas voltam correndo para investi-lo aqui.


Com dinheiro no bolso, não imaginam outro lugar para se instalar e viver. Mesmo assim, não deixam de tecer considerações desabonadoras sobre o país que escolheram para morar. Mas ai do cidadão estrangeiro que fizer o mesmo. É briga na certa. Criticar o Brasil é privilégio de brasileiros. Os gringos que nos respeitem, por favor.

Pelo discurso, esses patrícios parecem pessimistas quanto à realidade e futuro do Brasil, mas suas atitudes indicam exatamente o contrário. Seria uma estratégia para desestimular cidadãos de outras terras a se mudarem para cá, temerosos de que se vierem, daqui não sairão mais?! Se for isto, Freud entende.

Os brasileiros que conheceram o Brasil dos anos 50 ou 60 sabem o quanto este país mudou e para melhor. Nas décadas supra mencionadas, era até compreensível não ter muito orgulho do Brasil. Éramos “los macaquitos”, na visão debochada dos argentinos, porque eles se percebiam superiores a nós, dado o seu maior nível de desenvolvimento econômico e social. Buenos Aires, a capital argentina, era reconhecida como a Paris da América.

Mas o Brasil mudou muito. Os portenhos já não mais se atrevem a nos apelidar de “macaquitos” e deram de nos invejar porque crescemos muito mais do que eles e nossas perspectivas futuras são bem mais coloridas.

Seria conveniente, portanto, que os críticos contumazes do Brasil também mudassem o discurso, salientando as coisas boas desta terra, que são muitas, omitindo, quando possível, fatos e fotos que poderiam comprometer a nossa imagem, como bem o faz cidadãos de outros países que nós respeitamos.

Seria desejável que fizessem o mesmo, mas não o fazem e quando o Brasil logra um feito de reconhecimento mundial, vem logo a galera menosprezando o fato com um: “nem parece o Brasil”. Quando o fato nos envergonha, a conclusão é óbvia: “só podia ser o Brasil”. Autoflagelar-se faz bem ao ego? Se sim, está tudo explicado. Se não, só Freud explica.


Porque, por exemplo, não falar da pujança conquistada pelo Brasil na produção de alimentos, que, em cerca de meio século, passou de importador a 2º exportador mundial? E não o fez devastando florestas para aumentar a área de cultivo, mas multiplicando a produtividade dos campos já cultivados, como resultado do uso intensivo de tecnologias de ponta. Coisa de Primeiro Mundo.

Neste mesmo marco, porque não salientar que em meio século passamos de produtores marginais de soja e de milho, rumo à liderança mundial na produção e na exportação de soja e para 3ª produtor e 2º exportador de milho, o que credenciou o Brasil a tornar-se, também, o maior exportador mundial de carnes, visto que carnes são produzidas, principalmente, a partir dos farelos da soja e do milho.

Porque dar tanta atenção às críticas sobre a destruição das nossas matas, sem informar que 83% da floresta amazônica brasileira ainda está em pé, enquanto que as florestas dos que nos criticam sumiram da paisagem e faz tempo. E para piorar, em seu lugar encontramos lindas pastagens ou cultivos como milho e soja, produtos com os quais nos fazem concorrência no mercado internacional. Finalmente e com o intuito de exorcizar o complexo de vira lata de muitos patrícios, porque não estufar o peito e gritar: gente, 47,3% da matriz energética do Brasil é renovável, contra apenas 12% na média do resto do mundo!

Se criticar alivia nossas frustrações, talvez seja lícito direcionar nossas baterias contra os políticos desonestos, porque estes sim têm feito o bastante para merecer as nossas insatisfações.

Londrina que o diga. Alexandre Kireff foi a resposta dos londrinenses a mais de 20 anos de desmandos, vencendo sozinho uma coligação com um exército de partidos.

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