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Brasil, maior produtor de soja do mundo


Decio Luiz Gazzoni
Há dois meses, no VI Congresso Brasileiro de Soja, tracei um cenário que, naquele momento, era otimista: até 2015 o Brasil seria o maior produtor de soja do mundo. À época, a soja americana, plantada há cerca de 30 dias, media um palmo de altura. Nada indicava que, como quase nunca antes na História daquele país, uma seca arrasaria o Meio Oeste americano, dizimando lavouras de milho e soja.

Amanhã, 10 de agosto, o USDA divulga a estimativa da safra americana. Arrisco antecipar o anúncio: a safra de milho seria reduzida entre 20 e 25% e a de soja em 10-18%. A produção americana de milho perderia 80–100 milhões de toneladas (Mt), o dobro da exportação anual dos EUA.
Alguém precisará abastecer o mundo. Poderia ser o Brasil, se tivéssemos investido tanto em infraestrutura de transporte e armazenagem, quanto o fizemos em tecnologia. Hoje a produção de milho cresce a cada ano, mas o custo de transporte na fronteira agrícola é tão alto que, apenas nos anos de crise (preço alto), compensa enviar o milho ao porto.
Já na soja, aventuro-me a dizer que a safra americana, pelas condições desta semana, deve se situar próximo a 75 Mt – os pessimistas falam em até 70 Mt. Perscruto os sites de previsão de clima de longo prazo, e a melhor aposta de momento é o retorno do El Niño para o próximo verão brasileiro, garantindo chuva farta para as regiões produtoras de grãos. A intenção de plantio de soja para este ano varia entre 27 e 28 Mha, os otimistas vão a 30 Mt. Com produtividade de 3.150 kg/ha, chegaríamos a 88 Mt de soja. Se Deus ajudar o produtor,
pela primeira vez na História deste país, seremos o maior produtor mundial de soja!
É bom para o ego nacional, andávamos sorumbáticos com o pibinho, a marolinha e outras mazelas. O agricultor está fazendo sua parte. Mas, este fato não obnubila a nossa responsabilidade com o mundo: produzir sempre mais e melhor. Entrementes, não basta produzir: é preciso colocar o produto da colheita na mesa do consumidor. O Governo precisa fazer a sua parte, investindo em uma infraestrutura de armazenamento e transportes consentânea com nossa realidade. O maior produtor de soja do mundo não pode armazena-la em caminhões à beira da estrada, na fila do porto!
 
O autor é Engenheiro Agrônomo

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