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Biofarmácias


Decio Luiz Gazzoni
O Admirável Mundo Novo chegou – porém não como o anteviu Aldous Huxley. A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou uma droga produzida em uma célula vegetal geneticamente modificada. Simbolicamente, iniciou a era da biofarmácia, que vai acompanhar as próximas gerações, até que um processo ainda mais avançado a supere. A droga, chamada Elelyso (taliglucerase alfa), alivia os sintomas da doença de Gaucher, que causa problemas que vão desde infecções ósseas até anemia. Cientistas da Protalix Biotherapeutics criaram uma cenoura que produz a enzima humana que falta a estes pacientes. Os doentes tratados em ensaios clínicos com a enzima taliglucerase alfa tiveram evolução clínica igual ao tratamento padrão com Cerezyme.

 
Durante mais de uma década, os cientistas aprenderam a manipular geneticamente as plantas para produzirem enzimas humanas. Em 2006, o Departamento de Agricultura dos EUA aprovou uma vacina para frango, produzida em células vegetais. Mas os medicamentos para uso humano envolvem muito mais preocupações, razão da demora no seu desenvolvimento e aprovação. Por exemplo, estes medicamentos podem ser produzidos em células animais, porém os cientistas temem contaminações com vírus e bactérias, gerando perigos que eles não admitem.
 
As principais vantagens de produzir a enzima em OGMs são a) o menor custo; b) a maior pureza e qualidade; c) a substituição da petróquímica pela química verde. A estimativa do mercado é que a enzima produzida em cenoura custe, inicialmente, 25% menos que os medicamentos similares produzidos por via química. O mercado tende a crescer muito rapidamente pois, ao contrário dos alimentos provenientes de plantas transgênicas, não existe reação das ONGs aos medicamentos produzidos por esta via.

 
A Protalix tem planos ambiciosos de produzir outros medicamentos em plantas. Ainda este ano inicia a fase I de ensaios clínicos sobre sua proteína para o tratamento da doença de Fabry isquemia cardíaca, cerebrovascular e principalmente renal. Esta nova era também cria um novo tipo de agricultores que se juntam aos horticultores, fruticultores e similares: são os “biofarmacicultores”, que vão produzir medicamentos e qualidade de vida.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. http://dlgazzoni.sites.uol.com.br

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