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Biodiesel de algas


Decio Luiz Gazzoni
        A garantia de oferta de matéria-prima de alta qualidade, barata e abundante, é um dos desafios que necessitam ser superados para capturar as oportunidades de crescimento do mercado de biodiesel, no médio prazo. Por esta razão, a cadeia de biodiesel discute constantemente as alternativas de novas matérias-primas que permitam superar, com vantagens, a dependência que hoje o Brasil tem da soja e do sebo bovino, os EUA da soja e a Europa da canola.

Sempre que esta discussão se instala, as microalgas são consideradas como uma das mais promissoras matérias-primas para produção de biocombustíveis, pelo seu potencial de produzir matéria graxa em grande quantidade em pequenas áreas. Além do mais, as microalgas não necessitam de solo fértil, ao contrário, podem utilizar terras marginais ou semiáridas, desde que se disponha de uma fonte de água (subterrânea, por exemplo), que esteja próxima.
A produtividade destes microorganismos fotossintéticos para converter dióxido de carbono em lipídios – matéria-prima do biodiesel - excede em muito o de oleaginosas agrícolas, sem competir por terra agricultável. Em cálculos teóricos, as projeções indicam a possibilidade de substituir milhares de hectares de soja, por um único hectare de microalgas, com a mesma produção anual de óleo. Com base nesse potencial e nessa perspectiva, diversos programas de pesquisa estão em andamento em diferentes países, com objetivos similares.

Busca-se identificar as espécies mais produtivas e de mais fácil cultivo, desenvolver a tecnologia de produção para larga escala, identificar e desenvolver um processo eficiente e barato para colheita e extração do óleo das microalgas, assim como aproveitar integralmente da biomassa das algas, rica em produtos de valor nutricional, como ácidos graxos ômega-3. A escala de tempo para que se possa pensar em produção efetiva de larga escala de biodiesel de microalgas (da ordem de bilhões de litros) é estimada em 10 anos, a qual será impulsionada por ferramentas modernas de biotecnologia, em especial, biologia sintética e nanotecnologia. Com o crescente apelo à sustentabilidade, seguramente teremos no futuro uma nova categoria de agricultores: os algicultores.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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