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Alternativas tecnológicas para a pecuária da Amazônia Ocidental. VII. Sistemas de produção


Newton de Lucena Costa

1. Sistema de produção de bovinos de leite - Rondônia possui um rebanho bovino com cerca de 12 milhões de cabeças, das quais 10 a 12% são destinadas à produção de leite. A utilização de práticas de manejo inadequadas tem concorrido para a obtenção de baixos níveis de produtividade. Com o objetivo de avaliar o comportamento produtivo e reprodutivo de bovinos Holando-Zebu, nas condições edafoclimáticas de Porto Velho, conduziu-se um sistema de produção de leite durante o período 1989/92. Dentre as tecnologias utilizadas destacam-se: inseminação artificial, desmama precoce, pastagens diversificadas (B. brizantha cv. Marandu, A. gayanus cv. Planaltina, B. humidicola), pastejo rotativo, suplementação volumosa (capim-elefante cv. Cameroon e cana-de-açúcar) e de concentrados regionais (farelo de arroz, quirera de milho) e banco-de-proteína (D. ovalifolium). Os principais índices zootécnicos foram: taxa de paricão de 78%; mortalidade até 12 meses de 12,2%; peso ao nascer de 30,73 kg; peso aos 12 meses de 183,1 kg; peso aos 24 meses de 329,7 kg. A produção média de leite/vaca/dia foi de 9,51 kg, com 4,18% de gordura. O período de lactação foi de 291 dias, com uma produção de 2.697 kg/leite/vaca/ano.

2. Sistema de produção de ovinos deslanados - A ovinocultura representa uma alternativa para a produção de carne, pele e esterco em nível de pequena propriedade, sendo componente importante na composição de sistemas agrossilvipastoris. Durante o período 1984/89, avaliou-se, em Porto Velho, o desempenho produtivo e reprodutivo de ovinos deslanados da raça Morada Nova. Os animais eram mantidos em pastagens diversificadas (B. brizantha cv. Marandu, B. humidicola, e A. gayanus cv. Planaltina), e bancos-de-proteína (P. phaseoloides e C. macrocarpum), além de capim-elefante (P. purpureum cv. Cameroon) como suplementação durante o período seco. A taxa de parição foi de 90,16%; taxa de partos simples de 61,69% e partos múltiplos de 38,31%, com um índice de prolificidade de 1,39. O peso das matrizes ao parto foi de 32,68 kg. Ao desmame, os machos e fêmeas oriundas de partos simples apresentaram pesos médios de 13,44 e 13,28 kg, contra 11,15 (machos) e 10,09 kg (fêmeas) dos originários de partos múltiplos. Aos seis e doze meses as médias de peso foram de 19,03 e 27,17 kg, para ambos os sexos. A taxa de mortalidade até os doze meses de idade foi de 26,8%. Já, no período 1992/94, conduziu-se um sistema de produção de ovinos deslanados mestiços Morada Nova x Santa Inês. A taxa de parição foi de 90,3%, sendo 58,4% de partos simples, com um índice de prolificidade de 1,48%, o que representa uma média de três partos a cada dois anos. O peso médio ao nascer foi de 2,9 kg e o de abate (12 meses) de 29,5 kg. A produção de carne foi de 3.000 kg de peso vivo/ano. A produção de adubo orgânico foi de 20 t/ano, com uma produção média de 550 gramas/fêmea adulta/dia.

3. Sistema de produção de caprinos mestiços de Anglonubiana - O desempenho produtivo de caprinos mestiços de Anglonubiana foi avaliado nas condições ecológicas de Rondônia, durante o período 1988/89. Durante o dia os animais eram mantidos em pastagens diversificadas (B. brizantha cv. Marandu, A. gayanus cv. Planaltina e B. humidicola), com acesso a bancos-de-proteína (P. phaseoloides e D. ovalifolium), além de capim-elefant (P. purpureum) durante o período de estiagem. A taxa de parição foi de 85,41%, sendo 60,98% de partos simples, com um índice de prolificidade de 1,39%. O peso médio ao nascer foi de 3,05 kg e o de abate (12 meses) de 26,9 e 22,5 kg, respectivamente para machos e fêmeas. A mortalidade até os 12 meses foi de 19,28% e nos adultos de 6,25%, causada, principalmente, por helmintoses gastrintestinais.

4. Sistema de produção de caprinos Pardo-alemão - O desempenho produtivo de caprinos ½ Pardo Alemão foi avaliado nas condições ecológicas de Rondônia, durante o período 1987/88. Durante o dia os animais eram mantidos em pastagens diversificadas (B. brizantha cv. Marandu, A. gayanus cv. Planaltina e B. humidicola), com acesso a bancos-de-proteína (P. phaseoloides e C. macrocarpum), além de capim-elefant (P. purpureum) durante o período de estiagem. A taxa de parição foi de 83,01%, sendo 68,18% de partos simples, com um índice de prolificidade de 1,32%. O peso médio ao nascer foi de 3,45 kg, ao desmame de 15,7 kg e o de abate (12 meses) de 27,4 e 23,7 kg, respectivamente para machos e fêmeas. A mortalidade foi de 27,18% e nos adultos de 6,25%, causada, principalmente, por helmintoses gastrintestinais.

5. Sistema de produção de bubalinos - O búfalo, em função do seu extraordinário desempenho tem contribuído significativamente para o desenvolvimento dos povos em todo o mundo. O leite produzido pelas búfalas apresenta componentes físicos e químicos, como gordura, proteína e sólidos totais, superiores aos encontrados no leite bovino. As características da carne bubalina são semelhantes às da bovina, contudo apresentando cor mais avermelhada e gordura mais branca. O desempenho produtivo e reprodutivo de bubalinos Murrah x Mediterrâneo foi avaliado em Porto Velho, durante o período 1989/1994. A taxa de parição foi de 84,2%; mortalidade até um ano de 3,0%. Os pesos ao nascer, aos 12 e 24 meses foram de 34,8 e 33,7 kg; 192,8 e 186,3 kg e, 81,7 e 248,8 kg, respectivamente para machos e fêmeas. A produção de leite foi de 3,52 kg/vaca/dia com um teor de 5,89% de gordura. O período de lactação foi de 206 dias.

6. Produção de leite de búfalas na pequena propriedade rural - A produção de leite na pequena propriedade é considerada vital para a permanência do homem nos projetos de colonização do estado. Estes são produtores descapitalizados e muitos possuem pouco conhecimento da região Amazônica, sendo obrigados a praticarem uma agricultura itinerante (derruba e queima), o que acarreta grandes prejuízos financeiros e ecológicos. Deste modo, realizou-se um trabalho com o objetivo de incentivar a criação de búfalos na pequena propriedade rural, tentando viabilizar o fornecimento de leite para o sustento familiar. Inicialmente foram distribuídos 30 fêmeas e 6 machos para pequenos produtores rurais, através de contrato de comodato realizado entre a Embrapa Rondônia e as Cooperativas Agropecuária Mistas de Rolim de Moura e Nova União, com a interveniência da Emater Rondônia. Foram beneficiados 30 produtores rurais, os quais não dispunham de leite para a subsistência da família, contudo possuíam a formação básica sobre tração animal, sendo ainda receptivos à adoção de novas tecnologias. O programa desenvolveu-se à contento com um efetivo e significativo envolvimento da Emater e Prefeituras Municipais. A produção média de leite foi de 6,7 kg/vaca/dia, o que assegurou a oferta deste produto e seus derivados para toda a família. O período de lactação foi de 260 dias, sendo os bezerros criados ao pé da vaca. O número de beneficiários foi ampliado para 50 no período 1996/97. A eficiência reprodutiva do rebanho foi prejudicada pela falta de reprodutores e pela distância entre as propriedades, sendo ainda influenciada pela falta de experiência dos produtores com o manejo das búfalas. A produção de leite interferiu significativamente na condição nutricional da família. As búfalas produziram, em média, o dobro da produção de leite dos bovinos no estado. Em algumas propriedades o excedente de leite foi vendido, aumentando a renda da propriedade ou transformado em derivados (queijo, manteiga e iogurte).

Ricardo Gomes de A. Pereira (Embrapa Rondônia), José Francisco Bezerra Mendonça (Cenargen), João Avelar Magalhães (Embrapa Meio Norte), Francelino Goulart da Silva Netto, Claudio R. Townsend (Embrapa Rondônia), Newton de Lucena Costa (Embrapa Amapá)

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