![Decio Luiz Gazzoni](https://www.agrolink.com.br/upload/colunistas/307330_665232.jpg)
Vamos partir de dois fatos: 1) Quando olhamos o mundo como um todo, 90% do consumo dos países é produzido, processado e consumido localmente, só 10% é exportado; 2) Na cadeia de valor do agronegócio, o pré porteira (insumos e bens de produção para a agropecuária) representam 10%; o dentro da porteira (a produção) significa 20%; e o restante, 70%, é alocado ao transporte, processamento, distribuição e comercialização. O Brasil é exceção no primeiro fato, pois somos o principal exportador líquido do mundo, apesar do contínuo aumento do consumo doméstico. Como tal, o Brasil necessita de empresas que tenham um pé na cozinha (mercado interno) e outro na varanda (mercado externo).
O mercado interno de um país pode ser considerado um patrimônio. É através dele que uma empresa cria musculatura para enfrentar a guerra do mercado global. Por isso, acima de tudo precisamos de empreendimentos “glocais”, ou seja, empresas capazes de posicionar-se adequadamente no mercado interno e serem muito agressivas no mercado externo. O Brasil ainda peca neste conceito, exceção feita às cadeias de carnes – frango em particular – em que nos situamos no topo da escala. No restante, nos contentamos com a exportação de produtos primários, como é o caso da soja em grão.
E o conceito também se aplica aos produtos minerais, pois somos o maior exportador de minério de ferro do mundo. Ocorre que, para comprar um Iphone de 100g, precisamos vender oito toneladas de minério de ferro. A diferença remunera não apenas o capital, mas os institutos de inovação, os engenheiros, os trabalhadores, etc. Agregação de valor é sinônimo de desenvolvimento, emprego, qualidade de vida. E também de preservação ambiental, pois quanto maior a remuneração na cadeia, mais recursos serão investidos em tecnologias adequadas, para agregar mais valor à imagem do produto.
O que significa isto na prática? Que o governo disponha de uma política industrial agressiva, que realinhe tributos e câmbio para favorecer agregação de valor e exportação. Que a infraestrutura seja adequada para competir com os concorrentes estrangeiros. Lembrando que o mercado doméstico nunca será relegado, porque ele é o outro pé da sustentabilidade do negócio.
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
O mercado interno de um país pode ser considerado um patrimônio. É através dele que uma empresa cria musculatura para enfrentar a guerra do mercado global. Por isso, acima de tudo precisamos de empreendimentos “glocais”, ou seja, empresas capazes de posicionar-se adequadamente no mercado interno e serem muito agressivas no mercado externo. O Brasil ainda peca neste conceito, exceção feita às cadeias de carnes – frango em particular – em que nos situamos no topo da escala. No restante, nos contentamos com a exportação de produtos primários, como é o caso da soja em grão.
E o conceito também se aplica aos produtos minerais, pois somos o maior exportador de minério de ferro do mundo. Ocorre que, para comprar um Iphone de 100g, precisamos vender oito toneladas de minério de ferro. A diferença remunera não apenas o capital, mas os institutos de inovação, os engenheiros, os trabalhadores, etc. Agregação de valor é sinônimo de desenvolvimento, emprego, qualidade de vida. E também de preservação ambiental, pois quanto maior a remuneração na cadeia, mais recursos serão investidos em tecnologias adequadas, para agregar mais valor à imagem do produto.
O que significa isto na prática? Que o governo disponha de uma política industrial agressiva, que realinhe tributos e câmbio para favorecer agregação de valor e exportação. Que a infraestrutura seja adequada para competir com os concorrentes estrangeiros. Lembrando que o mercado doméstico nunca será relegado, porque ele é o outro pé da sustentabilidade do negócio.
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.