Avidina
O efeito inibidor de crescimento da avidina ocorre com a presença de 20 ppm no grão. Na concentração de 100 ppm, a avidina se torna um poderoso bio-inseticida. O milho transgênico, contendo avidina, já está sendo produzido nos EUA. Além de ser resistente a pragas, possui um valor adicional, pois a avidina é usada na medicina e seu custo, quando extraída de ovos, supera os US$3.000,00/grama. Esse valor será reduzido a uma fração, extraindo-se a avidina do milho. Embora a avidina seja um componente usual das dietas humanas há muitos séculos, estudos foram realizados para garantir a segurança de ingestão do milho transgênico. Para evitar que o gene de resistência seja expresso no pólen, os cientistas utilizaram um promotor que impede sua expressão no pólen.
Trigo
As cultivares de trigo resistentes à ferrugem, possuem apenas um gene responsável por essa característica, o que facilita a adaptação do fungo à planta. Cansados de ver as suas cultivares banidas do mercado, rapidamente, pela quebra de resistência à ferrugem, os pesquisadores do USDA criaram uma pirâmide com genes de ancestrais do trigo. Um deles (Aegilops tauschii) é conhecido como ‘goatgrass’, um parente selvagem do trigo,encontrado no Afeganistão e na Síria; o outro parente, Triticum timopheevii, é encontrado no Irã, Iraque e na Turquia. As pirâmides de genes foram montadas em plantas modelos e, posteriormente, introduzidas no trigo. Os pesquisadores estão testando as novas plantas para verificar se as cultivares poderão ser utilizadas pelos agricultores durante um longo período de tempo.
Soja
O nematóide do cisto da soja foi introduzido há cerca de uma década no Brasil e se constitui, atualmente, em uma das mais importantes pragas da cultura. Pesquisadores americanos descobriram um parente da soja (Glycine tomentella) na Austrália, com elevada resistência à raça 3 do nematóide do cisto da soja. Os genes responsáveis pela resistência foram introduzidos em cultivares comerciais de soja e estão sendo avaliados na Universidade de Illinois.
Perspectivas
Os avanços tecnológicos já em uso por agricultores, assim como os avanços científicos que ainda se encontram na fase de estudos laboratoriais, permitem antever um novo ciclo na agricultura mundial, a partir do final dessa década. Enquanto prosseguirá o esforço para aumentar o potencial produtivo das plantas cultivadas, da cornucópia dos pesquisadores sairão soluções sólidas para contornar as restrições mais importantes para a expressão da produtividade, decorrentes de estresses bióticos ou abióticos.
Salto tecnológico
As características que serão introduzidas nas novas cultivares permitirão a convivência com estresses que têm sido as “sete pragas do Egito” da agricultura. Isto não é propriamente um fato novo, pois avanços científicos da pesquisa agrícola ocorrem diuturnamente. A inovação está no fato de que, desta feita, os maiores beneficiados serão os agricultores que vivem em áreas marginais, que terão à disposição cultivares resistentes à seca, acidez ou salinidade dos solos. Talvez esse avanço tecnológico seja a maior ação de inserção social em áreas de pobreza endêmica, o que merece uma profunda reflexão sobre a facilitação do acesso desses produtores às novas tecnologias.
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. Homepage: www.gazzoni.pop.com.br