Em sendo a política monetarista, via o gerenciamento do juro básico (Selic no Brasil), um instrumento para o controle da inflação, o desafio é alcançar o juro básico neutro (que segura a inflação e não inibe o crescimento). No Brasil, hoje, o mesmo está sendo considerado como algo ao redor de 5% ao ano. Portanto, ainda estamos longe dele e sem perspectivas, no médio prazo, de alcançá-lo dadas as condições de nossa economia.
Além disso, ainda há o problema da enorme diferença entre o juro básico e os juros reais praticados no mercado nacional, cujas razões já comentamos diversas vezes neste espaço. Em tal contexto, o Banco Central, via Copom, busca gerenciar este processo. Hoje, a Selic estacionou em 10,5% ao ano, longe do ideal e distante do que se esperava para o final deste ano. Isso ocorre porque o descontrole fiscal aumentou, as medidas para combatê-lo estão cada vez mais relativizadas pelos interesses políticos, o Real se desvalorizou muito e a pressão inflacionária cresceu. Mas, o juro elevado não resolve o problema central da crise (o déficit fiscal).
Ele apenas tende a estancar uma de suas consequências (a inflação), o que não é pouco, porém, tendo como efeito colateral o travamento da economia e a redução na geração de empregos, o que também não é pouco. Ou seja, sem efetivamente atacarmos o cerne do problema, ficamos à mercê de remédios insuficientes, crescendo menos do que o necessário e longe do desenvolvimento que se sonha.
Até que o populismo ganhe força no governo, avance sobre o Banco Central, e leve a implementação de uma política intervencionista que ignore o controle fiscal. Isso causa a falsa impressão de melhoria econômica, pois na sequência leva o país a uma brutal recessão e a um retrocesso geral. Recentemente (entre 2011 e 2016) vivemos novo capítulo desta situação, e cuja a conta ainda se paga. Corremos o risco de vivermos novamente a partir de 2025, dependendo de quem irá presidir o Banco Central brasileiro a partir de janeiro próximo.
Ou seja, está ruim, porque não realizamos o dever de casa, mas ainda pode piorar, e muito! Especialmente se o governo, engessado pela Constituição e eivado por interesses de grupos privilegiados, continuar a cortar nas rubricas mais importantes (educação, saúde, infraestrutura, segurança...), enquanto deixa soltas as rédeas dos gastos desnecessários.