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A Lei do Mínimo no uso de alta tecnologia


Amélio Dall’Agnol
Impressiona o avanço verificado na produção agropecuária brasileira, no correr dos últimos 30 anos. Não importa qual cultivo ou atividade pecuária for analisado, o avanço, visto desde a perspectiva do crescimento da produtividade, foi expressivo. A soja, por exemplo, passou de uma produtividade de 1.089 kg/ha, na média dos anos 60, para mais de 2.800 kg/ha, em 2003, último ano de safra cheia. Aumentos semelhantes foram observados em todos os cultivos (milho, algodão, trigo, arroz, feijão...) e, também, em todas as atividades pecuárias, alçando o Brasil à condição de maior exportador mundial de carnes.  

Mas usar alta tecnologia não significa, necessariamente, usar grandes volumes de insumos, como, por exemplo, altas quantidades de fertilizantes ou doses exageradas de defensivos. Usar alta tecnologia no processo produtivo de plantas ou animais significa, mais bem, usar os insumos produtivos de forma racional. Isto implica, por vezes, usar menos insumos, porque a análise do solo indica presença de nutrientes em quantidades suficientes para uma máxima produtividade. Colocar mais fertilizante nessas condições poderia intoxicar o solo, reduzindo, conseqüentemente, a capacidade produtiva do mesmo.
Existe, na natureza, uma lei denominada "Lei do Mínimo", que ensina: a produtividade de um cultivo é determinada, não pela quantidade de nutrientes que disponibilizamos à planta, mas pelo nutriente indispensável e disponibilizado em menor quantidade. Tive, recentemente, oportunidade de visitar um produtor de soja, próximo a Brasília, que utilizava, sistematicamente, 600 kg/ha de fertilizante. Colhia bem, mas a soja acamava pelo excesso de nutrientes acumulados no solo, safra após safra. Usava, inclusive, uma fórmula que continha nitrogênio, elemento totalmente dispensável, quando se inocula a semente, e muito caro neste momento, pelo alto preço do petróleo, desde onde é obtido. Nas condições daquele solo, possivelmente esse produtor obteria melhor produtividade por uma, ou até duas safras, não aplicando fertilizante algum, apenas usufruindo o residual existente. Uma boa análise do solo indicaria o acerto de tal medida.

Definitivamente, a atividade agrícola não mais deixa espaços para os aventureiros. A atividade exige dedicação e competência. O produtor moderno precisa estar permanentemente antenado com as novidades, tanto as tecnológicas pelo lado da produção, quanto as do mercado, para garantir uma boa comercialização. Exagerando, precisa ser PhD em agronegócio, para competir e sobreviver na selva dos mercados globalizados e integrados, onde só sobrevivem os mais eficientes. Não basta fazer bem a tarefa dentro da porteira. Precisa, ademais, comprar bem as máquinas e os insumos e vender bem a produção, com o mínimo de intermediação.
A propósito, esses temas serão amplamente debatidos e comentados pelos conferencistas convidados para o IV Congresso Brasileiro de Soja, a realizar-se em Londrina, PR, no período compreendido entre 5 e 8 de Junho de 2006.

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