CI

A hipocrisia ronda a crítica aos biocombustíveis


Amélio Dall’Agnol

Fidel Castro tem feito críticas sistemáticas aos biocombustíveis, assim como o presidente venezuelano Hugo Chávez, depois que Brasil e EUA assinaram um convênio para apoio mútuo na produção e consumo dessa energia renovável e limpa. "Ninguém sério pode dizer que acrescentar valor, emprego e tecnologia à produção agrícola vai causar problemas às pessoas mais pobres do mundo", disse, em recente visita a São Paulo, o ex-Primeiro-Ministro espanhol Felipe González e acrescentou: parece um falso debate ideológico, por trás do qual se ocultam interesses que não querem confessar” e intuiu que por trás desse falso debate poderia estar a indústria do petróleo. 
 
A fome no mundo não é produto da falta de alimentos e nem, tampouco, da incapacidade dos produtores agrícolas de ofertar mais comida. A fome e a desnutrição que sofrem mais de um bilhão de seres humanos está vinculada à pouca renda que usufruem, resultando em falta de dinheiro para comprar o alimento disponível nos mercados nacionais e internacionais.

A FAO, querendo colaborar na elucidação dessa polêmica, informa que existem no mundo 1,86 bilhões de hectares de terras plenamente agricultáveis, das quais somente 944 milhões de hectares estão sendo utilizados para a produção de alimentos. Sobram, portanto, 918 milhões de hectares para produzir mais comida - se houver demanda - ou para produzir energia renovável, coisa que nosso planeta está a exigir com mais urgência do que mais comida.

O que temos percebido ultimamente é a ocorrência de um fenômeno inverso ao preconizado pelos críticos da bioenergia: o incremento no consumo de óleos vegetais para a produção de biodiesel, particularmente de soja, tem deixado como contrapartida enormes estoques de farelos protéicos, disponíveis para a fabricação de rações que produzirão carnes, o alimento cuja demanda mais cresce em nível global.

Aceitamos as críticas de Fidel Castro, que deve favores a Hugo Cháves e deste, que teme o encalhe ou a queda de preço do seu petróleo, mas não podemos aceitar críticas idênticas de brasileiros, sem desconfiar das suas reais intenções ou da sua limitada capacidade de análise. Um país como o Brasil, detentor da maior reserva de terras agricultáveis, disponíveis e aptas para a produção de comida e energia, não pode desperdiçar a oportunidade de valer-se desse privilégio para avançar rumo à realização de um velho sonho brasileiro: tornar presente o país do futuro. São cerca de 100 milhões de hectares disponíveis, apenas no ecossistema do Cerrado, que se ainda não foram incorporados ao processo produtivo de alimentos, é porque não houve demanda. Enquanto essa demanda não chega, produzamos, pois, energia renovável. A natureza combalida agradece.

“Nunca antes neste país” houve oportunidade de geração de empregos e de riquezas como agora. Estima-se que a cadeia produtiva dos biocombustíveis gere entre 10 a 20 vezes mais empregos do que a cadeia do petróleo e o potencial de dólares gerados pelas exportações de etanol e biodiesel, em muito ajudarão o Brasil a avançar rumo ao Primeiro Mundo, que é onde todos queremos estar.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.